2006-10-18

Danças de luz...

As estrelas iluminam o céu em danças de luz e côr. De mansinho abro a janela e nas asas do vento envio-te o beijo. Sinto o cheiro do mar que suavemente vem até mim. Tu também cheiras a mar, a espuma branca que se desfaz nas negras pedras…. Dentro de mim tudo se agita como tocada ao de leve pelo rumor do vento. Deixo a minha alma inquietamente inquieta pairar no azul céu…não a prendo, deixo-a livremente a esvoaçar no nada, em busca do tudo. Lá fora as estrelas iluminam a noite, de mansinho fecho a janela e adormeço nos braços de um outro luar…









(Foto: minha - 18 de Outubro de 2006)

2006-10-05

Sonhos de Lua...

Olho a lua abraçada pelas nuvens e o meu pensamento voa para ti. Sinto-te presente nos meus sonhos. Sinto-te, neste tempo que tirámos, sem tempo para o viver. Anseio-te em mim. Entrego-me nos braços da noite e revisito a nossa história, ouço as tuas palavras sussurradas em murmúrios, como se mais alguém as ouvisse, lhes pudesse tirar o sentido... Revejo os teus lábios perdidos nos meus, em dois corpos que se entregavam sem nada pedir, numa dança jamais imaginada... Estou presa a ti, nesta prisão sem grilhetas e amarras que é a minha alma. Nunca entendeste que não te queria preso, sempre desejei que voasses livre nas asas do vento, a única prisão onde te queria era a do meu coração, que ficasses assim dentro de mim nas minhas emoções recheadas a chocolate... Partiste sem dizer adeus ou até logo. Voaste para uma dimensão que a minha alma inquieta não alcança, estás para além de mim. Olho a lua mágica, sinto o cheiro do mar e o meu pensamento voa para ti, estendo a minha mão e não te consigo tocar, lanço o beijo e os nossos lábios já não se tocam, entrego o meu corpo no vazio do teu... As lágrimas escorrem pelo meu rosto e desaguam na minha alma. Procuro-te e já não estás aqui, perdemo-nos neste tempo que tirámos, sem tempo para o viver...


(Foto: minha - 30 de Setembro de 2006)

2006-09-13

Cavaleiro Andante...

Ontem eras cavaleiro andante nas asas do meu sentir; galopavas nas ondas do meu pensamento. Ontem eras poeta dos meus sentidos em métrica de espuma branca, dessa espuma que são beijos com que o mar acaricia o Pico. Ontem perdemo-nos em desejos e gemidos de cagarras em noites de azul céu. Ontem revisitei-te como lua cheia a desmaiar de contentamento no corpo de mulher que o Pico desenha. Ontem abri-te a janela da minha alma e com os olhos perdidos no Pico encontrei-te na voz do cantador. Ontem entregámo-nos em corpos e almas que se desnudam de preconceitos nas asas do meu sonhar. Ontem eras pássaro embalado em trovas de vento norte que as minhas mãos procuravam alcançar. Ontem perdemo-nos no passado mágico de um presente que não se faz futuro. Ontem entrelaçámos as mãos e em palavras sussuradas por entre beijos acalmavas a minha alma inquieta. Ontem eras o herói da minha infância que renascia das cinzas do tempo... Ontem já passou e hoje de novo sózinha busco na minha lembrança a quietude para as tempestades deste mar, que é a vida... Hoje estendo a mão e não te encontro, estás para além do tempo e de cada luar... Guardo-te em sonhos de caixinhas forradas a mel, esperando voltar a reencontrar-te algures no meu pensamento...

(Foto: minha- Maré Julho de 2006)

2006-08-28

Fiz-te Poema...

Hoje fiz-te poema, desses que rimam ao encontro das emoções ou sensações. Hoje fiz-te poema sem rima de métrica certa. Hoje fiz-te poema nos meus sentidos, em sensações à flor-da-pele. Hoje fiz-te poema em desejos e sentidos, no corpo que toco mesmo às escuras pois conheço-o totalmente. Hoje fiz-te poema em beijos de espuma branca que desmaiam de desejo nos braços do Castelete. Hoje, de ti fiz poema em cantigas murmuradas a dois, em desejos que nos ultrapassam. Hoje fiz-te poema e morri nos teus braços para renascer de novo em tons de azul. Hoje fiz-te poema... Hoje és o poeta dos meus sentidos em trovas de vento norte. Hoje fiz-te poema em gemidos de cagarras que esvoaçam em plena harmonia. Hoje fiz-te poema, desses que só rimam com as emoções e os sentidos. Hoje tu és poema e poeta de desejos, de tontos ânseios, de murmúrios de prazer... Hoje fiz-te poema...poeta vagabundo e ébrio de todo o meu sentir...


(Foto:minha - Julho de 2006)

2006-07-27

Na ânsia do ser...

Busco-me em cada azul infinito do céu e do mar. Busco-me em cada verde, dos mil verdes que me rodeiam. Busco-me na rosa efémera que desmaia em gritos de vida. Busco-me no som dos gemidos das cagarras. Busco-me, procuro-me, interrogo-me, dispo-me de conceitos e continuo nesta eterna busca do meu ser... Busco-me no teu corpo suado e conhecido, nos teus lábios de encantos perdidos. Busco-me nos teus sussuros de vento norte, nas tuas palavras inquietas de poesia... Busco-me e perco-me, encontro-te e perco-te porque nada é eterno, porque tudo é efémero... Busco-me na ânsia de alcançar o não sei quê que procuro. Talvez não procure nada ou encontre o nada no tudo. Que importa. Busco-me, perco-me... Busco-te e perco-te...


(Foto: minha - casa 21 de Junho de 2006)

2006-07-09

Em tons de Azul...


O meu melhor amigo perguntou-me um dia de que côr era o meu mundo, respondi-lhe sem hesitar: "É azul", lembro-me de ele se rir, sempre pensara que o meu mundo era preto ou amarelo. Preto da côr que adoro vestir, amarelo das flores que me dão... Mas não, o meu mundo é azul, azul côr de mar, azul prateado quando a lua o beija, azul de céu infinito e intemporal... O meu mundo é mesmo azul, até quando a minha alma se inquieta e ele se torna azul de mar revolto ou de céu em dia de trovoada... Será sempre azul, porque amo a tonalidade em todas as coisas que amo: O mar e o céu. Até os beijos dos meus filhos são em tons de azul...
Tudo na minha vida gira à volta desta côr... As emoções passadas, os beijos, os desejos, as inquietações ou as ilusões são azuis... Por isso deleito-me a olhar e mergulhar neste mar de mil e uma sensações, por isso antes de me deitar tenho de olhar a imensidão do céu e perder-me totalmente no seu luar, ou na sua escuridão...
Pobres daqueles que vivem a vida sem côr, tristes serão aqueles que nem nas inquietações vislumbram as tonalidades da vida... Quanto mais olho o mundo, mais me entrego de corpo e alma ao seu azul... Tudo na vida tem um sentido, tudo na vida se movimenta em inquietações ou deleites, por isso eu perco-me em tons de azul e renasço todos os dias em azul... Desse azul que nos rodeia ou que ousamos inventar...


(Foto: minha - Prainha do Norte - 10 de Junho)

2006-06-23

Quando o Sol se deita...

Olho o Sol a adormecer por detrás do Pico, mais um dia se acaba, mais uma noite começa. Nada morre, tudo se renova... os dias e as noites seguem o seu ritmo normal, sem compassos ou angústias de espera. Pergunto-me porque seremos nós tão complicados? Porque complicamos o simples... tudo se renova, uma flor morre, outra nasce... Tudo é simples na natureza, até os animais são simples, vivem ao sabor da corrente, das ondas que se agitam no mar ou na sua calmia. Só nós humanos complicamos tudo. Porque será que deixamos a vida nos fugir por entre os dedos, como pequenos grãos de areia? Porque será que exigimos sempre mais e mais? Depois, às vezes, encontramos as piores saídas, não aguentamos a sobrecarga da vida e escondemos a cabeça na areia ou pura e simplesmente pomos um fim, quando ainda tudo estava no início! A vida deve ser amada, vivida e respeitada, deveriamos ser como os animais, um passo de cada vez, um amanhecer depois de um anoitecer de cada vez... Amo a vida, mesmo com esta inquietude que me é peculiar. Amo o dia que nasce e a noite que me adormece nos seus braços. Amo olhar o Pico, deleito-me com os seus verdes em tons de prata, com o mar que dança rodopiando em seu redor. Amo e quem ama está vivo, só no amor se encontram as respostas, só nos amor se deixam as perguntas. Amo tudo e nada. Amo simplesmente. Amo cada dia que a vida me dá e apaixono-me por cada noite em que adormeço. Só no amor se encontra a paz e se desencadeiam as inquietações, só está vivo quem ama...


(Foto: minha - da minha janela - 30-04-2006)

2006-06-13

O Porquê dos Devaneios...

Para os que têm pachorra de ler os meus "posts" venho levantar um pouquinho mais do véu... Este blog chama-se "Devaneios" porque o que escrevo é isso mesmo, devaneios. É um blog que foge à má-língua, aos assuntos políticos... é um blog onde a nudez das emoções, sensações e pensamentos se misturam... Sou eu que me retrato, que me dispo de conceitos e preconceitos e deixo as teclas livres ao sabor da alma... Por opção minha não o divulgo muito, porque é um filho que quero quase só para mim e porque sei que é dificilmente entendido... As emoções não são fáceis de perceber. Como dizia Fernando Pessoa no seu heterónimo Álvaro de Campos "Depus a máscara e vi-me ao espelho. Era a criança de há quantos anos. Não tinha mudado nada... É essa a vantagem de saber tirar a máscara...". Sou uma alma inquieta, pobres são para mim as almas quietas, que não se interrogam, que se acomodam e vivem a vida cheios de falsas certezas, que riem tolamente para parecerem felizes, para mostrar aos outros que são felizes. Eu sou feliz e triste, depende do momento, mas recuso-me a acomodar-me, recuso-me a ser aquilo que querem que eu seja. Este blog é o meu cantinho, onde as emoções à flor da pele vagueiam em palavras, rodopiam em magia e transmitem a razão de estar viva. Deixo-vos um pouco de mim assim :
"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração"
(Autopsicografia - Cancioneiro - Fernando Pessoa)
Entendam como quiserem. Eu vou até ao Martinho da Arcada beber um café com o meu amigo Pessoa...

(Foto: minha - Prainha do Norte - 10 de Junho)

Abraços da noite

O Sol adormece de mansinho nos braços da noite, embalado em cantigas de dormir pelo vento Norte... Desaparece suavemente, dando lugar à noite em brilho de lua cheia... Olho o fim do dia e o começo da noite, nada morre, tudo renasce. A vida sucede-se, repete-se ou deslumbra-nos por completo numa reviravolta total. Nada é igual, ninguém é igual, somos viajantes deste espaço que se repete sem nunca se repetir... Nós é que teimamos em repetir a vida em gestos ou acasos, porque é mais fácil não questionar, não mudar, continuar quietos no nosso cantinho sem ouvir os clamores da natureza em gritos d'alma... Que bom seria se tirassemos as máscaras, se nos assumissemos como seres inquietos e cheios de dúvidas, como seres que choram e riem pelos caminhos que trilhamos na vida.
É tão bom deixar a alma pairar na natureza, deixá-la adormecer com o Sol, embriagar-se com a noite e renascer com o dia novo... Eu deixo a minha vida andar ao acaso nas asas das cagarras, porque a liberdade do nosso sentir não pode estar preso, nem em gaiolas douradas...


(Foto: minha - Prainha do Norte - 10 de Junho)

2006-06-11

Elo mais forte 2

Notem a diferença do último post para agora. O Júlio Afonso está enorme, já tem um doce aninho de vida. Continua muito simpático e participativo, já diz mamã, papá e papa. Começou a dar os seus primeiros passos nesta caminhada que será a sua vida.
Adora estar sentado no chão a brincar com pedrinhas, é doido por um colinho e que brinquem com ele.
O Júlio Afonso é o nosso docinho, vai crescendo e cada vez nos vamos afeiçoando mais a ele.
É ele que lidera o grupo, ou seja giramos à volta das suas vontades e a única coisa que queremos todos é vê-lo sorrir. Coitado anda de colo em colo, às vezes penso que ele nos acha uns chatos, mas depois ele dá-nos um doce sorriso e nós ficamos todos derretidos e lá continuamos à volta dele, se calhar boicotando aquilo que ele quer fazer de livre vontade... Pergunto-me o que ele pensa deste grupo de doidos, já não faltará muito para ele nos dizer que não quer ou que quer, já não faltará muito para ele nos mandar "dar uma volta" quando se sentir pressionado. Até lá Júlio Afonso vais ter de aturar estes doidos, que apesar da idade, teimam em não crescer.


(Foto: minha - Prainha do Norte - aniversário André 10-06)

2006-06-10

Fogo de ser...

Estou de volta às teclas e á minha janela que dá para o mar e para o Pico... Voltei sempre nesta maldita incerteza de nunca saber se parto ou se estou... Olho da janela o mar calmo que desmaia suavemente sobre as rochas e revejo a "Lagoa do Fogo" imponente e esbelta, igualmente intacta ás mãos do homem...
Pronto regressei de São Miguel, estou de novo no Pico e de novo me assalta a dúvida se sou ou não pertença desta ilha. Chego à conclusão de que não sou de parte alguma, ou aliás sou de todos os lugares onde me perco em olhares de beleza infinita... Tenho em mim um bocadinho de toda a beleza que me rodeia e no fundo, bem no fundo do meu ser, não pertenço a lugar nenhum nem a ninguém... Serei sempre uma alma inquieta e perdida, buscando o azul de cada sítio que me rodeia, de cada lugar onde me encontro... O Pico é o meu porto de partida e de chegada, no entanto nem os seus abraços me prendem, eu vagueio em mares e marés, em verdes de vários tons, em fogos que ardendo não se extingem... Continuo a procurar-me neste fogo de ser algo que eu não sei o que é, talvez seja a imensidão da montanha do Pico, o infinito da "Lagoa do Fogo"... talvez seja só a procura dos lugares onde os meus olhos repousam em belezas infindas...


(Foto: minha - Lagoa do Fogo 8 de Junho)

2006-05-31

À procura...

Olho o azul do mar com São Jorge lá ao fundo no horizonte. Mergulho as minhas angústias neste mar imenso de histórias e segredos incontáveis... atiro-me de cabeça nas suas profundezas mágicas e, por breves momentos, esqueço-me de quem sou e imagino-me noutros lugares para além de mim...Neste mar imenso procuro as respostas para as perguntas que nunca formulei, mas que sei que se agitam dentro do meu ser...Perco-me nos poemas que não escrevi em gritos de gaivotas perdidas em busca de um novo luar. Quem me dera encontrar a calmia depois da tempestade. Mas não, todo o meu ser estremece como vento forte, nem me perdendo em tons de azul me consigo aquietar...Não sei o que procuro, nem sei se algum dia me encontrarei. Entretanto, vou-me perdendo no horizonte com São Jorge lá ao fundo...



Foto minha - Prainha do Norte - 30 de Abril.

2006-05-30

Bola Maria

É a rainha cá de casa, chama-se Bola porque em pequenina era bem gordinha e Maria, porque todas as mulheres são Marias... Tudo gira à volta dela e pensar o contrário é querer enganar a realidade... A Bola Maria é que decide, o tempo e o espaço pertencem-lhe, nós somos seus escravos... É de muito poucas conversas, mia para comer, para passear, para lhe darem colo, de resto passeia indiferente ao mundo dos homens, à nossa mesquinhez e coscuvilhisse, não se importa com a vida dos vizinhos, desde que os vizinhos também não se incomodem com os seus passeios por domínios alheios... Olho-a e vejo-a sempre muito pensativa, devem passar-lhe imensas coisas pela cabeça, coisas que ultrapassam o nosso mundinho humano... Olho-a e sei que ela sabe muito mais da vida do que eu, pelo menos vive-a plenamente e em paz de espírito, nunca a vi tomar antidepressivos ou calmantes. Nunca a vi preocupada com as chatisses quotidianas... vive um dia de cada vez! Quando o "dono" chega a casa é uma festa, o colo dele é o lugar que ela mais gosta, por isso usa-o sem pedir autorização ou se sentir culpada por estar a impedi-lo de fazer outras coisas. Quando olho a Bola Maria sinto que nós seres humanos, de tão complicados que somos, nos esquecemos de aproveitar a simplicidade de um dia de sol ou de um suave anoitecer... quando a olho sei que temos muito que aprender com os animais e às vezes bate-me a dúvida se não serão eles os racionais...



(Foto minha - 5 de Fevereiro)

2006-05-29

caixa amarela...

Fechei numa caixa amarela, todas as nossas recordações. Não a fechei à chave, deixei-a aberta para poder abri-la quando desejar... Atirei lá para dentro poemas antigos, frases ditas em sussuro e outras em murmúrios de olhares... Guardei o calor das nossas mãos e o percurso delas nos nossos corpos... guardei os nossos abraços, até aqueles que não chegámos a dar... Guardei-nos do mundo e do espaço, para que só nós possamos abrir a caixinha amarela... Assim quando a saudade apertar podemos em sinal de magia abri-la e deixar fluir em nós todos os momentos que vivemos.
Será que ao fechar ali as minhas recordações, vou deixar de as sentir vivas em mim? Será que vou esquecer cheiros, sabores, toques e magias?


(Foto minha - Prainha do Norte - 30 de Abril)

2006-05-24

Magia

Verde e azul completando-se em harmonia de tons e de velhas magias... Aqui encontro a paz para a minha alma, que de tão inquieta, não se aquieta... Aqui deixo-me enlear no azul e no verde e vagueio em pensamentos antigos e promessas novas... Encontro-me ou desencontro-me, porque neste rumo inquieto pelo o qual a minha vida é nortedada, nunca sei se estou ou não estou... Neste espaço perco-me para além do horizonte que avisto... Divago em mim e por mim e, busco encontrar as respostas para as perguntas que nunca formulei... Serei sempre efémera, procurarei sempre encontrar o sim ou não, de algo que nem eu própria sei o que é... Embriago-me no verde/azul e deixo que o pensamento solto se perca nesta magia de tons... Nunca me encontrarei, como nunca saberei se ando ou não perdida ou se sou tronco ardendo em lareiras de fogo disperso... Só sei que me encanta perder o olhar neste espaço que me aconchega e me acolhe...


(Foto minha - 30 de Abril - Prainha do Norte)

2006-05-20

Sonho de Alguém...

Reencontro-te ao fim de tanto tempo, sem que as palavras me levassem até ti. A vida levou-me num turbilhão de sensações, de angústias e de tempo perdido, que me afastaram desta magia que é escrever em ti. Aqui, deixo os sonhos cruzarem-se e brincarem com as realidades. Aqui afogo-me em tons de azul e de nuvens que brincam no céu... Às vezes penso que fazemos parte do sonho de alguém, que nos movemos em realidades fingidas que não podemos alterar, porque os sonhos não se alteram... Ás vezes penso que Deus brinca connosco, põe-nos obstáculos, dá-nos felicidades inteiras... Ás vezes penso que fazemos parte do sonho Dele e que Ele é parte do nosso sonho. Olho esta nuvem que se dilui em céu azul e sinto-me inteiramente embriagada pela doce magia do sentir, todo o meu ser procura a essência do saber ou do nada saber. Às vezes basta sentir, deixarmo-nos caminhar sem destino ao encontro do nada. A beleza da natureza está aí, não necessita de lógicas, basta olhá-la. Eu divago nesta nuvem, sem saber muito bem se sou só o sonho ou a realidade de alguém.

(Foto minha Prainha do Norte - 30 de Abril)

2006-04-28

Mar...


Olho o Pico. Abro a porta e sinto o cheiro do mar. Este mar azul que nos banha e nos traz variadas sensações... Gostaria de mergulhar nele e apagar de vez todas as minhas inquietações, limpar o espírito atormentado das dúvidas que teimam em reinar na minha alma... Não consigo esquecer, não consigo purgar de mim todas as emoções já vividas... Volto a vivê-las enleada em recordações de algodão doce ou de lágrimas derramadas... Não consigo esquecer... Não consigo deixar de ser inquieta e revolta... Lembro-me para além de tudo, vivo como fogo que teima em não se extinguir, como carícia que continua a ser sentida mesmo sem ser tocada... Recordo e nesta loucura de tempestades perdidas , olho o mar azul que deveria trazer-me a paz em potes de espuma branca. Onde estará o meu porto de abrigo? Que mar banhará a minha tranquilidade? Já não sei onde estou ou para onde vou...
O mar convida-me a entrar e eu olho-o mas não o alcanço...


(Foto: minha em Fevereiro de 2006)

2006-04-27

O elo mais forte

(Foto tirada por Joana Marques - Agosto 2005 - Parque de São João)

É o elemento mais novo do grupo, por isso o nosso "elo mais forte", todas as nossas atenções recaiem sobre ele...
Chama-se Júlio Afonso (só mesmo o pai para escolher um nome destes para o miúdo)... É muito risonho e parece-me que está de bem com a vida, para ele o importante é um colo e que lhe dêem atenção... Claro que o grupo todo babado se desdobra para o "amassar" com beijos, às vezes penso que ele nos deve achar um "cotas" muito chatos...
O seu sorriso encanta-nos, o seu cheiro único e especial (só os bébés cheiram assim), transporta-nos para o tempo em que os nossos também eram bébés, por isso o Júlio é o rei do grupo... Que sejas feliz é o que este grupo de "cotas" querem para ti...

Amigos versus família

Deram-me um dia um cartão que dizia a seguinte frase: "Os amigos são a família que escolhemos para nós". Nada mais verdadeiro, tenho amigos que têm dentro de mim um cantinho muito superior a alguns familiares... Não o são por obrigação, são-o simplesmente... Estão comigo, mesmo quando não estão, não são estrelas cadentes que passam na nossa vida e não deixam rasto... São estrelas que estão lá permanentemente mesmo quando o céu está encoberto... Confio neles e sei que posso contar com eles nem que seja para um "puxão de orelhas". Os amigos, os verdadeiros, não estão sempre de acordo connosco, obrigam-nos a meditar, a repensar, a recuar ou avançar. São aqueles que nos amparam nas quedas e que pegam ao colo quando já desistimos de caminhar... São os que riem e choram connosco... São aqueles com quem podemos contar, mesmo que o telefone não toque ou haja semanas em que não nos avistamos... São-o só... Estão connosco e nós sabemos que eles estão ali, haja dias de sol ou de tempestade.
Para a minha família do Pico deixo esta imagem e estas linhas, para que eles saibam que estamos sempre juntos e que a distância é só uma quimera...
(Foto minha a 5 de Fevereiro de 2006)

2006-04-26

25 de Abril sempre


Ontem o grupo de malta amiga reuniu-se para uma bela churrascada no Parque de São João... Nem a chuva nos demoveu... A ideia não foi só comemorar o Dia da Liberdade, mas também a partilha da união e amizade que existe neste grupo...
Este grupo de "cotas" (que na altura não erámos, começou há 19 anos) Tinha poucas pessoas, mas boas pessoas. Umas sairam, outras entraram, está diferente, depois vieram os filhos e as namoradas dos filhos, um dia destes virão os netos...
Terminámos a tarde a cantar, claro que o Costa estava no seu melhor e nós lá o acompanhávamos, não poderia faltar o: "Grândola Vila Morena". Uma maneira de viver o 25 de Abril sempre com a liberdade no coração e na forma de pensar e agir...

(Foto minha - Parque de São João - 25 de Abril/2006)

Companheiro

Para ti, que há vinte anos vivemos momentos de pura magia e alguns de mau-tempo... Para ti por quem me apaixonei perdidamente quando tudo começou em cima de um telhado, algures em Santarém. Para ti que és o meu amor, o meu companheiro, o meu amigo, o pai dos meus filhos... A paixão diluiu-se no tempo, ficou a certeza de um amor e de uma admiração maior, admiro-te como homem e pessoa, enleio-me na tua frontalidade calma, nessa maneira de ser tão tua e que é sempre recheada de paz, nesse nunca levantar a voz, mas de marcar sempre as posições em que acreditas, mesmo que isso vá contra ventos e marés. Acredito-te, mesmo quando não usas palavras... Creio em ti, mesmo quando querem que eu não o faça... Tantos anos lado-a-lado, procurando alimentar esta nossa relação, procurando educar os nossos filhos com os valores em que ambos acreditamos... Tantos anos lutando contra a rotina que teima instalar-se e minar os nossos olhares... São vinte anos de tantas coisas vividas e sentidas, de outras que procuramos inventar... Admiro-te, és das poucas pessoas que admiro, sabes bem isso, sabes como sou difícil de contentar... São vinte anos, tantos anos, só vinte anos... Que venham mais vinte...

(Foto Joana Marques - Agosto 2005- Parque de São João)

2006-04-22

Amor maior...

Olho-os e vejo-os enormes, cresceram quase sem eu dar conta. São adolescentes, com forte personalidade e que se debatem pelas suas ideias. Quisera-os bébés para poder abraçá-los e beijá-los constantemente, agora já quase é necessário pedir autorização. No entanto tenho um enorme orgulho nos meus dois filhotes, são íntegros, honestos e debatem-se por aquilo que acreditam, mesmo quando vão contra àquilo em que eu quero que eles creiam... Têm uma energia enorme e uma alegria contagiante, estão sempre à frente do tempo em que vivem, sempre procurando mais e mais, na busca constante de se aperfeiçoarem como seres humanos. São uns miúdos fixes, camaradas, amigos do seu amigo e às vezes até dos seus inimigos. Procuram coisas novas, que às vezes me deixam louca, mas gosto que me questionem, que me dêem luta, estão sempre a fazê-lo. Estão na idade que sabem tudo, mas de vez em quanto sabem que precisam de vir até mim para dialogar, para aprofundar, para interiorizar. Amo-os mais do que tudo, para mim eles são a minha "pedra angular" é na vida deles que eu encontro razões para Amar mais e mais... São sem dúvida os meus amores mais que perfeitos.

(Foto minha 22-04-2006 - casa)

2006-04-18

Passagem

Como as cagarras em gritos na noite... também a minha alma grita por detrás desta aparência calma e sossegada... Porque gemerão as cagarras? Será por amores perdidos? Por viagens não alcançadas? Ou será de prazer intenso??? Não sei porque gritam as cagarras... Sei apenas os gritos da minha alma que nunca saiem pela minha garganta... Fecho-me, afogo os gritos em lágrimas que deslizam na escuridão do meu silêncio... A minha alma não pára, continua a rodopiar agitada... relembra doces momentos antigos, melódias de voz de mel, sinfonias de toques mágicos, poemas de mãos entrelaçadas... As cagarras gritam... também a minha alma...

2006-04-16

Quando um Homem quiser...

Páscoa será sempre, tal como o Natal, todos os dias desde que os Homens queiram... Desde que se acredite que Jesus morreu por nós e ressuscitou, numa prova de inegável Amor... Eu acredito que se os Homens quiseram muitos conflitos serão resolvidos, as guerras poderão terminar e a vida terá um sentido novo... Posso ser sonhadora, mas acredito no Homem novo, naquele que aprenderá a amar para além do amor, a dar-se para além do dar, a estender a mão para acariciar mesmo antes de ser acariciado... Acredito num Mundo em que o verbo Amar esteja no lugar do verbo Ter... em que as pessoas se esqueçam do seu mundinho fechado em favor de outros mais desfavorecidos... Acredito piamente que a Humanidade pode Amar como Jesus nos Amou... Acredito no Amor, na entrega total... Por isso desejo-vos uma doce Páscoa com amêndoas de carinho e ovos de esperança...

2006-04-15

A uma Amiga...

(Foto tirada pelo João Pedro)

Tu amiga que não deves chorar por quem não merece uma só lágrima tua... Dedico-te estas linhas. Ontem vi as lágrimas a escorrerem pelo teu rosto, gostava de estar perto de ti para te apertar a mão, num gesto tão nosso que diz: Estou aqui! Mas tu sabes que estava contigo, decerto estavas a lembrar aqueles que tanto amas e não estão contigo, como a tua doce avó ou o teu filhote... Sei que ainda não superaste a ausência da tua avó, aquela que é o teu anjo da guarda e que está no céu a velar por ti... Sei que não suportas a ausência do teu filhote, que os caminhos da vida levaram para longe do teu olhar... Ele está a seguir o seu caminho e tu sabes isso, mas a dor é mais forte que todas as certezas.
Sabes Amiga, sinto saudades do "velho passal", onde ouviámos música alta, riamos às gargalhadas ou choravamos uma com a outra... Continuamos juntas apesar de tudo e de todos. Tu, só tu, sabes que é a ti que dedico estas linhas... Os outros não importam basta que tu sintas que eu, longe ou perto, Estarei sempre Aqui!

2006-04-13

Fechei as portas


Após dias de pura reflexão, fechei as portas e atirei a chave neste mar imenso que banha as Lajes. Cansei-me de tantas mentiras armadas em verdades fingidas, por isso atirei fora a chave... penso que neste mar imenso nunca mais serão encontradas... Estou magoada, triste e nem o céu azul afasta de mim o som da mentira, da falsidade, de tudo em que acreditei e que afinal não passa de vã miragem... Fui uma sonhadora que acreditou em sonhos recheados a chocolate quente, afinal era tudo mentira, quimeras que o vento levou... Atirei as chaves fora, agora nem a espuma branca as trará de volta!Tal como as ondas que se esbatem no Castelete, os meus pensamentos esvaiem-se no tempo...

2006-04-07

Fascínio

(Foto tirada do parque de São João em Agosto de 2005 - a máquina é da minha grande amiga Joana, a foto são ensaios meus)

Fascina-me, deixa-me encantar em silêncios murmurados, vem buscar os tormentos da minha alma inquieta e acalmá-a nos teus doces carinhos... Adormeço, quietinha em teus braços e acordo em lamentos de vento norte... Nada se acalma, o meu ser agita-se em azul mar... procuro-te nos meus mais escondidos sonhos, procuro encontrar em ti o fim da minha estrada, mas tudo se apaga a não ser a luz do Pico que tudo ilumina... Preciso dos teus sussuros, as nossas conversas são sussuros como música lenta... os nossos abraços alimentam a minha vontade de voar, como as cagarras, que gritam em bebedeiras de azul... preciso dos teus lábios perdidos em mim em noites de lua cheia... preciso do desejo que teimas em não admitir. Preciso tão só de ti, de todo o teu ser numa entrega total... Vem-me fascinar como o Pico fascina quem o olha... Vem até mim e esqueçe o passado, tudo o que ficou para trás guardaremos no baú dos nossos sonhos, daqui para a frente vamos procurar o caminho para acalmar os nossos sentidos.

2006-04-05

Noite


Olho a noite através da minha janela... Está tranquila, em silêncio de sombras de luz. Quem me dera que a minha alma estivesse aquietada em tons de azul, mas não, continua inquieta devorando-me em pedaços de sobressaltos. Procuro-te, preciso do teu cheiro, do teu sabor, da doce magia das tuas palavras. Abro a janela e os gemidos do mar trazem-me a tua voz, as estrelas abraçam-me em carinhos teus... Mas eu queria-te aqui ao meu lado para divagarmos em sonhos antigos transformados em presente. Onde andas vagabundo das minhas noites? Onde andas meu sonho ardente? Prometi deixar-te livre, prometi-me não te inquietar, mas doí-me tanto que não estejas aqui, custa-me não te sentir perdido em mim fazendo-me perder a mim em ti... Voa meu pássaro azul eu procurarei a paz da minha alma nas trovas do vento.

2006-04-04

Para ti


Para ti que procuro sem te procurar, que vagueias como pássaro no meu tempo presente, que voas incansavelmente para além de mim... para ti que quero livre de todas as gaiolas e que ao mesmo tempo anseio prender-te em mim, prender-te e perder-me em ti... Para ti que estás para além do meu corpo e mexes em sobressalto na minha alma inquieta... Para ti que me abraças sem me tocar e os teus beijos de mel se derretem na minha boca em doces fantasias... Para ti que me enroscas com o teu corpo e te afastas em sonho e fantasia... Para ti que estás sem nunca estar em todos os recantos da minha vida... Para ti que me abraças quando choro ou quando rio de alegria... Para ti que procuras a minha boca ébrio para me saciar, saciando o teu ardente fogo... Para ti que enleado no meu corpo te perdes em gemidos para depois bateres as asas em azul de vento... Para ti, só para ti, quem me dera ter-te sempre em mim, como poesia permanente, como música de fundo suave... Mas tu não estás aqui, andas por aí à procura dos teus paraísos secretos e eu, fico assim quieta à espera de ti...

2006-04-01

Alma inquieta

Chove... A chuva são lágrimas da alma que o céu derrama por nós...

Estou inqueta, procuro saber os quês e os porquês e não encontro respostas. Procuro-te por entre as gotas de chuva e não te encontro... Procuro-me no cântico do vento e não me encontro... Abro a janela de par em par para sentir o teu cheiro, mas o vento espalha-o em rajadas de escuridão...Procuro o sabor da tua boca mas ela esvai-se no pensamento...Procuro o entrelaçar dos nossos corpos mas só encontro a solidão... Procuro saber onde estou, o que sou, ou para onde vou, mas nada sei, nada acalma esta minha alma inquieta.

Regressei

Estou de regresso ao Pico, depois de uns dias na Ilha Terceira... Voltei à minha velha janela com vista para o mar, voltei a sentir o cheiro suave da Ilha Montanha, voltei ao verde tão verde que só o Pico tem. Voltei, se calhar nunca parti, de certeza que a minha alma ficou aqui, Presa a esta velha janela que dá para o mar, a este encanto de cheiros. Por que será que cada vez que parto sinto esta melancolia? Porque será que cada vez que fico, sinto que não pertenço aqui... A minha alma é ébria vagabunda que vagueia ao acaso, nunca estou em lado nenhum, como nunca sou de ninguém, vagueio ao acaso como onda tocada ao vento, como pássaros em gritos de vento norte. Voltei. Será que parti?

2006-03-25

Mar revolto

O mar está revolto, geme de tristeza
o céu de negro vestido, olha-o
as cagarras cessam os seus concertos
as gaivotas poisam em terra firme
e eu embalo-me em doce incerteza...

o mar teima em gemer, oiço-o ao longe
obriga-nos a pensar em ondas de espuma branca
varre-me a alma em desalento...
em descontentamento...
Tarda e retarda o momento
em que envolvida em ti
ouço os gemidos do mar, como gritos de prazer
de dois corpos que se fundem num só
em poesia, em magia e encanto...

Agora, só o ouço em pranto
em múrmurios de dor pronunciados
não encontro os teus doces lábios
em acordes declamados...

Tardam as palavras,
Tarda a magia,
tudo é cinzento
até os teus beijos..
Eu não te encontro aqui,
tu não existes em mim...

Nada existe para além dos gemidos
de um mar que se revolta sem fim...