2007-12-11

Reflexão

Este céu do meu Pico não deixa de me encantar e ajuda-me a reflectir, pois é amigos, entrei em período de pura reflexão. Este, será provavelmente, o meu último texto de 2007.

Todos os anos por esta altura fecho-me na minha concha e medito nos passos que dei, no que vivi e traço um rumo para o ano seguinte. Verdade seja dita que me afasto quase sempre do rumo que tracei...

Estou a pensar seriamente em terminar com o "Devaneios", este blog nasceu a 25 de Março de 2006, foi uma forma de publicar os meus estados de alma, a que chamo de minhas tonterias, de expor sentimentos e emoções. Com ele, ou à volta dele, entreguei-me por completo ao prazer de escrever, sem me preocupar, se isso iria ter ou não, algum interesse para alguém, o que importava é que o que eu sentia. Deixei-vos aqui imensos pedaços de mim espalhados ao acaso.
Penso ter chegado a hora de o deixar hibernar num sono eterno...
A todos aqueles que me têm acompanhado, desejo-vos um Feliz Natal onde o Amor vença o consumismo doentio e que o Ano de 2008 seja um excelente Ano para todos vocês.

2007-12-01

Irmão e Amigo Paulo

Raras são as vez que publico um texto sem imagens (desculpem-me sou uma amante da imagem, mas esqueci-me da máquina). O Padre Paulo Areias celebrou hoje uma festa, reunindo à sua volta vários amigos das variadas Paróquias onde exerce e exerceu o Sacerdócio.
No bar "Culto do Tempo" celebrámos a amizade, a dávida, a partilha. Num espaço encantador com o Faial como pano de fundo e uma imensidão de mar, vivemos uma tarde fantástica. Mais uma vez o Padre Paulo Areias mostrou-se, tal como é, um sobrevivente e um lutador (terás sempre o nosso apoio).
Não posso deixar passar este dia em "branco", todos juntos à volta de um pastor que conhece as suas ovelhas, celebrámos a vida, oferecemos vida, partilhámos vida, devemos ao Padre Padre Paulo Areias o significado daquilo que partilhámos, pois foi ele, que ao longo do tempo nos incutiu o espírito que hoje comungamos.
Felicidades e Parabéns Senhor Padre, destes amigos, que longe ou perto, não o esquecem.
Já agora se tiver fotos, por favor, mande-me.

2007-11-25

Noite luz..

O Sol deita-se de mansinho no mar. A lua vem beijá-lo devagarinho e aconchegá-o em lençois de espuma branca.
Tudo pára, o tempo deixa de existir, somos só nós a olhar o chegar da noite, não de trevas, mas de luz...
Olhamos o mesmo pôr-do-sol, a mesma lua que o beija e deixamo-nos viajar em pensamentos de amor, alguns só pensados, outros tantos vividos. Ali somos só nós e a natureza infinita que nos rodeia. Ali sou sereia em asas de vento norte e tu, bem tu, és o encantador de sereias que navega solitário...
Não necessito de dizer que te amo, porque amo-te tão simplesmente como o Sol adormece ou a lua nos embala. Não quero palavras, quero-te no silêncio, no suave murmurar das ondas a desfalecer de prazer nas pedras negras, na lua cheia que nos ilumina...
Quero-te hoje e sempre, quero viver os nossos sonhos a dois, o entrelaçar das mãos que nunca se gasta, o beijo/desejo murmurado baixinho... Quero-te sempre, nas asas das gaivotas, nos gritos oprimidos no peito, na razão sem razão para dar ou estar...
Quero-te, sem te querer meu, não te quero preso a mim, não te quero com obrigações ou falsos moralismos, quero-te livre assim, em asas de gaivotas, em mares desconhecidos, tempestades violentas, mar azul em acalmia de Verão... Quero-te tanto que chega a doer, dói a dor de não te ter perto de mim mesmo quando invades os meus pensamentos e só tu existes...
Olho o Sol a adormecer no mar e a lua a beijá-lo de mansinho.
Tu e eu deitamo-nos em noites de luz...

2007-11-16

Sonhei-te...

Ontem sonhei-te.

Estávamos de mãos entrelaçadas a olhar o mar, sem palavras, só as nossas mãos falavam em gritos de gaivotas que esvoaçavam. Não nos olhávamos, o nosso olhar perdia-se no infinito azul e a nossa alma vagueava nas pedras negras salpicadas de espuma branca.

Ontem sonhei-te. As nossas mãos diziam todas as palavras que saíam das nossas almas. Estávamos ali, perdidos no tempo e no espaço e amávamo-nos totalmente sem sequer nos tocarmos. Era pura sintonia.


Ontem sonhei-te, sabes a mar e a chocolate. És vento norte em que tudo esvoaça, até os meus beijos.


Ontem sonhei-te, olhávamos o mar e as nossas mãos entrelaçadas tocavam a mais bela melodia, era como se os nossos corpos se entregassem por completo fazendo um só corpo, uma só música que entoavam por nós.


Ontem sonhei-te. Hoje ao acordar as nossas mãos não estavam unidas e o nosso sonho voava nas asas das gaivotas e, cada um de nós, buscava um outro sonho...

2007-11-12

Vulcão adormecido...

"...vamos rebentar o vulcão adormecido da fé dos católicos do Pico..." esta frase é do meu melhor Amigo, que por acaso, ou não, até é Padre. Não vou fazer aqui uma Catequese. O meu blogue é de sentimentos, sensações, desejos descobertos, de vida e de Amor. E a fé? Será que não é por ter fé que consigo partilhar convosco aquilo que sinto e penso? Será que se não tivesse fé não me esconderia numa concha com medo do que a sociedade poderia dizer? Pensem vocês, eu estou aqui, sempre despida de preconceitos aceitando aquilo que vocês conseguem ler no que escrevo (infelizmente alguns só lêem o que querem e não aquilo que eu quero dizer, paciência...).
Não vos vou falar de Fé, embora eu ache que se não temos Fé, não temos nada (entendo por Fé, acreditar no ser humano, dar, apoiar, estar disponível para...).
Falemos dos verbos que quase não existem no nosso actual vocabulário: O verbo Dar e o verbo Amar, onde andarão estes verbos? Depois de pesquisar descobri que foram substituídos pelos verbos: Ter e Comprar, porquê? já explico...
Temos de ter uma boa casa, um bom carro, um bom computador (se possível melhores que os do vizinho), temos de viajar, temos que nos mostrar, temos que ter roupas de marca, temos de parecer aquilo que outros querem... temos de...
Compramos tudo no supermercado, até compramos emoções , amigos, amores e tempo (ou pensamos comprar). Compramos aos filhos o computador de topo de gama, a playstation, o melhor telemóvel, porque não inventámos tempo para conversar com eles, para entender os seus sonhos, para aceitar as suas dúvidas e opiniões, para dar carinho, esgotámos o nosso Amor e o acto de lhes dar algo nosso. Não sabemos dar tempo para Amar, para escutar, para dar a mão, para estar em silêncio lado-a-lado partilhando emoções e sentimentos, para dizer simplesmente: "Estou aqui".
Com fé ou sem fé é urgente reaprender os verbos Amar e Dar e esquecer na ânsia do tempo, o Ter e o Comprar, senão não vislumbro o caminho para aqueles a que ousámos dar a vida. Acredito, ou tenho Fé, que os Homens vão entender as diferenças e voltar a conjugar os verbos importantes.

2007-11-07

Verdes caminhos...

Voltei anos atrás! Desci estas escadas de pedra muitas vezes. Hoje, os limos tomam conta delas, já não se podem descer (outras de cimento, deram lugar a quem quer descer até ao mar). Ao olhá-las repensei uma série de coisas, na minha memória bailaram imensos pensamentos, vi e revi a minha vida e cheguei à conclusão que breve foi o momento entre o passado e o presente, demasiadamente breve, como um "piscar de olhos".
Hoje sei que não tenho respostas, só perguntas. Não tenho certezas, mas muitas dúvidas. Tenho alegrias e tristezas misturadas como cânticos antigos. Tenho lágrimas e sorrisos tal como o mar passa de calmo a tempestuoso. Continuo sem saber para onde vou, ou onde estou. Revejo-me nos limos verdes que tomaram conta das pedras, como tantas coisas tomaram conta dos meus dias, algumas tão pequeninas que não valeram o esforço que fiz para as viver, outras grandes, enormes diria, que me fizeram viver dias em segundos de breve instante. Não sei viver no cinzento! Não gosto do cinzento! Amo intensamente, vivo tudo intensamente, não sei navegar neste mar da vida de uma outra forma. Tenho de estar apaixonada pela vida, pelas pessoas, pelo trabalho, pelos livros que deixo na mesa de cabeceira em lista de espera.
Já não tenho idade de mudar. Por isso que importa as respostas que não sei, as dúvidas que nunca serão certezas, as alegrias e as tristezas, os sorrisos e as lágrimas que andam todos à mistura num furacão de sentidos, o nunca saber qual é o caminho, a mania de não perceber a partida e a chegada, que importa? Vivo num dilúvio de emoções e são elas que dão côr à minha vida.



(Azenhas do Mar - foto de José Luís Ferreira)

2007-10-31

Em cantos de...

Poisam suavemente nas pedras, descansando do cansaço de longos voos, contam-lhes histórias de outros lugares. Olham o mar a quem chamam de Amigo e depois batem as asas em busca de alimento ou de outras margens. Perco-me a olhá-las, trazem no bico saudades das palavras e nas asas os anseios do meu sonho por alcançar e de tantos outros que realizei.
São livres, como livres deveriamos poder ser, sim nós os humanos, a quem foi dada a capacidade de pensar, de construir, de amar. Mas não! procuramos a mesquinhez, o matar, o dizer mal, o sorriso à desgraça dos outros. Isso não é ser livre é antes estar preso em grilhetas de uma sociedade que não consegue olhar o belo e perde-se no vazio dos sentimentos.
Elas, esvoaçam em bebedeiras de azul e espuma branca alcançando o paraíso que nós nem ousamos imaginar porque fechámos o coração e perdemos algures no espaço e no tempo a capacidade de nos darmos uns aos outros.
Sei que as gaivotas da Ericeira são iguais às gaivotas do meu Pico, sei que as cagarras(os) são iguais em qualquer sítio onde estejam e, infelizmente sei, que nós humanos somos iguais onde quer que estejámos.
Voo com as gaivotas e as cagarras, estou para além de mim e do todo e, quando volto ao meu lar, estou de novo aqui à procura das fantasias e sonhos que alguém me ensinou a Amar...


(Ericeira - foto de José Luís Ferreira)

2007-10-29

Para além de...

Ninguém sabe até onde nos levam os pensamentos, às vezes até nem nós próprios. Surgem ao acaso como o mar que se agita, a neblina que nos cerca, ou o luar que nos envolve. Perdi-me em mil pensamentos, busquei o Pico para além do horizonte e deixei-me enredar em sonhos de côr. Senti o cheiro a mar, esse mar que é presença constante na minha vida, senti o Pico, a minha montanha, como se ali estivessem prontos para ser tocados em sons de poesia ou acordes de mar revolto.
O que é estar longe? O que é estar perto? Não sei! Não procuro certezas ou realidades evidentes, vivo sempre num eterno trapézio. Procuro o quê afinal? Talvez procure o Amor em cada pedra, em cada onda, em cada luar, em cada ser que comigo se cruza, não sei, se calhar nem me interessa saber. Deleito-me à deriva em cheiros de mar, em luares de vida, em palavras ditas pelo olhar e outras tantas por dizer.
Encostada neste banco procurei o sentido ou o sem sentido dos meus dias.
Deixei-me voar! Para lá do horizonte tudo acontece...


(Ericeira 7 de Outubro - foto: José Luís Ferreira)

2007-09-30

Era uma vez...

Os contos da minha infância começavam sempre com: "Era uma vez..." e terminavam: "... e foram felizes para sempre!", vivi neste mundo de fantasia em que os maus eram castigados e os bons recompensados.
Hoje, olho o mundo e vejo-o de pernas para o ar. Os bons muitas vezes são penalizados e os maus vivem eternamente felizes. O que me deixa mais chocada é que passei a ideia do mundo maravilhoso aos meus filhos. Será que eles estão preparados para viver num mundo para o qual eu não os alertei? Será que vão aprender a defender-se das leis actuais de uma sociedade cada vez mais materialista? Não sei. Gostava de continuar no eterno sonho que tudo tem um final feliz.
Olho em volta e vejo cada vez mais miséria, mais pessoas sem abrigo, trabalho ou dignidade humana. Onde andarão os finais felizes das minhas histórias de criança?
Onde andarão os valores que me ensinaram a praticar? Onde andará o darmo-nos em vez de dar-mos? O que fazemos realmente em relação àquela pessoa que passa por nós? Será que sorrimos? Será que estendemos a mão? Ou será que viramos a cara e fingimos que ninguém por nós passou?
Os contos da minha infância já não são o que eram, nós já não nos pautamos pela dávida ao próximo, estamos indiferentes e preocupados com o "nosso umbigo", transformamo-nos em seres que vivem apenas para si e esquecem o seu semelhante. É triste, a sociedade em que vivemos transfomou-nos em gente fria e cega à dôr dos outros.
Vamos a tempo de mudar?Claro que vamos! Olhemos quem passa como se só o fizesse uma vez na nossa vida, estendamos a mão a quem dela necessita e, o sorriso? Sim o sorriso esse aquece corações e afugenta as mágoas.
"Era uma vez... e viveram felizes para sempre"

2007-09-19

Zeca Garro


Mais um livro para figurar nos livros da minha vida. Foi lançado dia 17, no Museu dos Baleeiros. Não tenho palavras para descrever o que senti ao ler este livro por isso deixo-vos com as palavras do Dr. António Felix Rodrigues (apresentador do livro) : "A história do Zeca é uma história infantil de homens e de cagarros que se encontram sem se aperceberem o quanto são parecidos, mas onde os seus corações lhes dizem que vale a pena respeitarem-se.

A história do Zeca é um conto para adultos que saibam ler nas entrelinhas".
Um livro que recomendo a crianças, adolescentes e adultos .
Já agora lanço um apelo, vem aí o Outono, os cagarros juvenis ficam para trás porque ainda não voam o suficiente para fazer a viagem, por isso atenção nas estradas, conduzam devagar. Se encontrarem um cagarro protejam-no, contactem os Serviços do Ambiente ou levem-no para casa e libertem-no na manhã seguinte junto ao mar. Eles regressarão novamente e de certeza que vos agradecerão.

Ajudem a salvar os cagarros...


2007-09-11

Alguns dos livros da minha vida...

Aceitando o desafio lançado pelo José Augusto Soares, aqui vai a lista de 10 dos livros da minha vida (muitos mais existem, mas vou-me cingir ao pedido):
- Poemas Completos de Alberto Caeiro;
- Sonetos de Florbela Espanca;
- Os Maias de Eça de Queiroz;
- África Minha de Karen Blixen;
- Amor em tempo de Coléra de Gabriel Garcia Marquez;
- Contos de Eva Luna de Isabel Allende;
- Vinte Poemas de Amor e uma Canção Deseperada de Pablo Neruda;
- Perfume de Patrick Suskind;
- O Carteiro de Pablo Neruda de António Skarmeta;
- Conversas com Deus de Neale Donald Walsch (pelas questões polémicas que levanta);

Cabe-me agora a mim escolher mais 5 nomes, como visito poucos blogs, terei de cingir-me à minha lista de bloguistas, aqui vai:
Fernanda Serpa - Ilhas do Mar;
Sandra Amaral - São Mateus 2005;
Xana - Os da Montanha;
Paulo - Cristão do Asfalto
e claro
José Augusto Soares - Castelete sempre.

2007-08-21

Aos Homens que choram...

Cresci numa sociedade extremamente machista, em que os homens para o serem, não podiam demonstrar emoções. Cresci ao lado de vários, que não se importando com esses padrões, sempre mostraram o que lhes ia na alma. Vi muitos chorarem, vi muitos comoverem-se, vi muitos deixarem fluir livremente o Amor que sentiam pelas pessoas.

Nunca pensei, no entanto, que chegando ao século XXI ainda existam "pesudo-machos" que usam a prepotência, a arrogância e a ideia que são os donos da companheira com quem vivem e se escondem numa carapaça de ferro onde as emoções são relegadas para o caixote de lixo. Confesso que não aprecio este "tipo de homem", que não viveria com alguém que não deixa brotar os sentimentos sem se importar com o que a sociedade pensa. Admiro os homens que são capazes de sentir, de dar-se, de emocionar-se, de chorar quando algo os toca. São estes que respeito.

A sociedade actual, mais aberta e consciente aceita as pessoas como o são, não diferencia o homem da mulher, ou seja, não padroniza. Claro que o homem será sempre diferente da mulher e a mulher do homem, é na diferença que se complementam, mas não no que respeita a sentimentos, aí todos somos iguais, ou sentimos ou não.

Aos homens que ousam mostrar emoções deixo o meu abraço.

2007-08-13

Partida...



Confesso que apesar de ser cristã lido mal com a morte, não com a minha porque sei que estou de passagem e a porta está sempre entreaberta, muito embora me preocupe se estarei ou não presente nos acontecimentos importantes da vida dos meus filhos. O que me magoa é ver aqueles com quem convivo diariamente e os que amo partirem, fico sempre sufocada e até as palavras me doem, geralmente nessas ocasiões o silêncio apodera-se de mim e, se fosse avestruz, acho que escondia a cabeça num buraco.



A verdade é que não lido bem com partidas, prefiro sempre as chegadas. A chegada é sinónimo de alegria, de festa e mesmo que os nossos olhos derramem lágrimas são sempre um conforto para a alma. A partida é quase sempre um momento de tristeza em que a alma fica dorida e as lágrimas não atenuam a dor, são apenas sinal de sofrimento.


Não acredito que nesta altura da minha vida aprenda a lidar com isto, estou demasiado velha para mudar emoções que fazem parte de mim intrinsecamente.


Sei que vou encontrar em Deus um pouco de paz, mas por enquanto estou triste, apenas e só isto, triste...



2007-08-08

Lágrimas...


Amor Meu, só te queria abraçar e limpar as tuas lágrimas com os meus beijos, não existem palavras para dizer-te o quanto te amo e como percebo o que estás a sentir. Julguei sempre que teria as palavras certas, nas horas certas para te consolar, mas não. Por isso deixa-me abraçar-te e fazer com que os teus olhos brilhem de novo de alegria.




Sabes um Amigo verdadeiro não nos obriga a escolhas, aceita-nos como nós somos. Na amizade verdadeira a única exigência que há é a de sermos amigos e isso implica apoiarmo-nos nas tristezas e rirmos nas alegrias, ficarmos felizes pelos sonhos que os amigos realizaram, pelas metas que atingiram, pelos amores que lhes fizeram bem e, se acabarem mal, o nosso ombro estará lá para os consolar.




Cada vez mais me convenço que a amizade se mede pelas alegrias que conseguimos partilhar, por desejarmos que o nosso Amigo seja feliz e, mesmo que as lágrimas aflorem aos nossos olhos, termos a capacidade de sorrir para eles e por eles.




Um Amigo verdadeiro não pode querer ser o único na nossa vida, não pode exigir que só sejamos dele ou que abdiquemos daquilo que amamos para estar com ele, se assim for, a sua amizade não é verdadeira. Ninguém é de ninguém e, temos que dar espaço aos que amamos para que eles possam seguir o seu caminho e crescer saudavelmente livres, só assim podemos ser amigos.




Pensa no que escrevi para ti e espero que estas palavras ajudem a curar as tuas lágrimas.




Amo-te como és, sem exigências.

2007-08-06

Infinitivamente Castelete...

Hoje ao mergulhar nas águas límpidas que te banham, deixei-me-voar. Voei livre em asas de sonhos e fantasias, de piratas ou sereias que ousamos inventar. As ondas arrastavam-me e eu deixava-me arrastar ao sabor da maré e do vento. Voei livre como se fosse uma gaivota ou uma cagarra em gritos de azul e vento. Lembrei-me de ti, não estavas lá para me ensinar a mergulhar ou desfrutar as ondas. Onde andas meu pássaro azul? Longe de mim e dos carinhos que desfrutamos naquele mar imenso. Onde andas meu cavaleiro andante? Não estavas lá e, com a maré cheia de gente, eu sentia-me só. Faltavas tu, só tu preenches os meus dias e as minhas noites, quando de mansinho, olhamos as estrelas e o luar.
Vem meu pássaro azul, vem meu cavaleiro andante, vamos mergulhar no infinito azul e de mansinho esperar que a lua nos banhe em desejos e segredos de amor...
Amanhã volto à rotina, o castelete permanece em mim, tu estás em mim. E, eu? Eu vou voar na asas das gaivotas ou das cagarras...até ti.

2007-08-04

Almoço de Bloguistas no Pico



Aceitando o desafio lançado pelo autor do casteletesempre, reunimo-nos no 1º andar do Restaurante Lagoa para um almoço convívio. Estiveram presentes os bloguistas assumidos casteletesempre, saomateus2005, ardemares, ilhasdomar, bordado demurmurios, devaneios e um comentador (felizmente não anónimo) Artur Xavier, bem como o Sr. Luís Monte.
Foi um excelente momento à volta da mesa com boa comida e vinho do nosso Pico, regado com ideias e vontade de fazer mais almoços destes. Para o ano contamos que mais bloguistas se unam a nós, que façam da blogosfera uma forma saudável de comunicar, partilhar ideias, debater assuntos sem receios e assumindo aquilo que pensamos. Será que é tão difícil dar a cara? É tão difícil assumir aquilo que pensamos? Penso que não, vivemos numa sociedade livre e um cidadão livre tem direito a expressar o que pensa e tem o dever de assumir aquilo que é.
Conto voltar a reunir-me com este grupo e venham mais, estamos abertos a todos aqueles que querem estar juntos neste mundo que é cada vez mais global. Obrigado casteletesempre. Obrigado a todos os que estiveram presentes.

2007-07-24

Pico, corpo de mulher...

Hoje ao olhar o Pico, veio-me à memória Pessoa e como sei que ele sabe melhor do que eu brincar com as palavras, aqui vai:


Dorme sobre o meu seio.
Sonhando de sonhar...

No teu olhar eu leio

Um lúbrico vagar.

Dorme no sonho de existir

E na ilusão de amar.


Tudo é nada, e tudo

Um sonho finge ser.

O 'spaço negro é mudo.

Dorme, e, ao adormecer,

Saibas do coração sorrir

Sorrisos de esquecer

Dorme sobre o meu seio,

Sem mágoa, nem amor...

No teu olhar eu leio
O íntimo torpor
De quem conhece o nada-ser
De vida e gozo e dor.

(Cancioneiro - Dorme sobre o
meu Seio - Fernando Pessoa)


Depois disto olhem o Pico e deleitem o vosso olhar na magia do nada ou tudo... Eu cá por mim vou continuar a voar... E nas asas da viagem vou até Lisboa ao encontro de Pessoa...

2007-07-16

Nuvens de cetim...

As minhas nuvens são de cetim e sabem a algodão doce! Dirão alguns "são nuvens apenas", mas não, para mim são de cetim certamente, a lembrar a ternura dos abraços, a carícia dos beijos, a harmonia das palavras, a melodia das canções de embalar. Olhando-as divago livremente como as gaivotas que se enroscam nelas em voos de fantasia.

Sem dúvida alguma, as nuvens do céu do meu Pico, mesmo que cinzentas, são de cetim e sabem a algodão doce e nelas deixo embalar a minha alma inquieta e revejo-me em voos de ébrio azul em que as nossas mãos se tocam procurando alcançar o infinito do ser, do estar, do construír e amar.

Ontem entrelaçamo-nos em sabores de algodão doce e voámos em nuvens de cetim.

São de cetim as minhas nuvens, as nuvens que olhamos a dois em busca do tudo que preencha o vazio do nada.

2007-07-10

À Equipa de São Pedro...
















Uma mensagem que já tardava.


Depois de dois anos na equipa do Carlos Fernando, a quem envio o meu abraço, tive a honra de ser convidada para integrar a nova equipa da Associação da Irmandade de São Pedro. Uma equipa totalmente feminina que decidiu desde a primeira reunião dar uma nova dinâmica à festa do Município. Decidimos passar uma nova mensagem valorizando o São Pedro como Santo Popular e fazendo a festa em torno dele e não do Divino Espírito Santo.


O Divino Espírito Santo, que respeitamos, tem as suas festas próprias. A nossa tónica foi a de dignificar o São Pedro, transformar a festa em sua honra e louvor e desmarcá-lo da carga que lhe tinham imposto. Quebrámos algumas amarras e devolvemos a São Pedro o lugar que merece. Começámos no dia 28 com a verbena onde, para além de comidas e bebidas, tivemos vários grupos que, gratuitamente, se prontificaram a animar a nossa noite. Àqueles que gratuitamente nos ofereceram alimentos para confeccionar ou nos ajudaram a confeccioná-los, o nosso Obrigado.Garanto que ela só terminou às 2h da madrugada porque São Pedro, se calhar, achou que nós precisávamos de dormir umas escassas horas.


O dia 29 começou cedo, com a preparação do almoço para os irmãos. Mais uma vez um agradecimento àqueles que com a sua disponibilidade e saber estiveram na "linha da frente" para que o almoço e o habitual arroz doce fizessem as delícias de quem connosco partilhou este momento; sem estas pessoas nada seria possível.


Na hora da Procissão a chuva caiu e houve quem pensasse que a festa estava estragada. Mais uma vez São Pedro impôs a sua vontade e a Procissão realizou-se e a festa continuou com as Filarmónicas Liberdade Lajense e Lira Madalense (Sete Cidades) .


No dia 30 às 23h30m notava-se o nosso cansaço mas também a alegria de termos realizado aquilo que nos havíamos proposto.


Àqueles que acharam e disseram que uma equipa feminina ia ser um desastre, que iam haver quezílias e guerrinhas de mulher, informo que se enganaram, demo-nos todas muito bem. A quem nos disse até "pr'o ano" posso dizer que contem connosco, estaremos lá, com ideias novas e garra para continuar. Aos "nossos homens" o nosso abraço por terem acarinhado este projecto. À nossa equipa parabéns e o desejo que continuemos em força para o ano.

(Fotos de Helena Barreto)

2007-06-25

Voar...

Hoje apercebi-me que por andar tão ocupada estou a deixar para segundo plano as coisas que mais amo na vida. Não tive tempo para ir ver a minha filha tocar piano, já há três dias que não telefono aos meus pais e à minha irmã, já não telefono aos meus amigos para bebermos um café há imenso tempo, ou seja, estou tão cansada e com tantas coisas em mente que não tenho tempo para os que Amo e, para mim, então nem se fala. Hoje li a minha alma e com ela nua vi que ando a mil à hora, que cada vez que os meus filhos me perguntam uma coisa respondo: "o que é" em vez de lhes dizer "diz filho(a)". Tenho de parar. Adoraria tirar um ano sabático para só me dedicar àquilo que mais amo fazer: ser mãe, namorar mais com o meu companheiro, estar mais com os meus amigos, penso que será apenas um sonho, esta máquina que é a vida obriga-me a rodopiar loucamente em várias coisas. Falta-me tempo, necessito de tempo, preciso de fugir ao tempo. Tenho de voar, de me sentir liberta de amarras e deveres, quero ser gaivota que esvoaça livre ao sabor do vento ou cagarra que grita prenúncios de bom tempo. Quero ter tempo, para dar tempo áqueles que amo. Libertem-me as grilhetas que o que eu quero é voar...

2007-05-17

À minha Princesa...

A minha Princesa nasceu há treze anos. Completou o seu décimo terceiro aniversário no dia 13 de Maio. Nasceu numa Sexta-Feira, dia 13, dia que todos dizem ser de azar; para mim foi um dia lindo. Puseram-na em cima de mim assim que nasceu e eu senti uma comoção enorme, nada que ouse explicar, porque para tal não tenho palavras... Nasceu a minha Princesa e contrariamente a tudo e a todos, não lhe demos o nome de Fátima ousámos chamá-la Ana Inês, um
nome que lhe assenta tão bem - é voluntariosa, persistente e dona do seu nariz. Não há no mundo, de certeza, maior alegria e amor do que dar à luz um filho. Não me lembro de maior prazer do que ser mãe, se calhar até há, mas não para mim. Nasceu a minha Princesa, o que lhe desejo é que seja feliz na sua caminhada pela vida, que encontre as veredas certas e as siga. Parabéns Meu Doce Amor, estarei sempre aqui para te apoiar no que necessitares. AMO-TE.

2007-05-15

Uma flor para a Marisa...

O sorriso da Marisa apagou-se, ou será que perdurará para sempre no nosso coração? Nada acaba, no nosso coração tudo permanece. Doí tanto ver uma vida jovem perder-se nos braços da morte, parece que tudo se esgota, que nada vale a pena. É nestas alturas que pergunto o porquê de tantas guerras, de tantos ódios, de tanta mesquinhez? Afinal o que somos? Pó e alma, o pó em pó se transforma, a alma esvoaça livre nos braços de Deus. É aí que a Marisa está, junto ao Pai.
Continuas a sorrir Marisa...

2007-05-06

Brisa de sonho...

A minha alma vagueia inquietamente inquieta. Por isso deixo o pensamento voar nas asas do sonho. Olha a Montanha, a lua adormece por detrás dela e o mar fica salpicado de prateado. A vida esvai-se por entre os nossos dedos, como areia fina que não conseguimos segurar. Quando damos conta, o tempo passou, os filhos cresceram e os gestos de carinho perdem-se no ar como passo de mágica. Queremos voltar atrás, mas o tempo não retrocede e a vida não espera. Há tantas coisas que devia ter dito, há tantos carinhos que devia ter feito, há tanto amor a brotar do meu coração que deveria ter florido nas pessoas amadas, mas não, tudo ficou adiado à espera de um tempo para o qual não há tempo.
A brisa esvoaça no meu cabelo sinto-a como se fosses tu a acariciar-me, como se estivesses aqui em tempo real a tocar-me como aquela canção antiga. Sinto na boca o sabor a mar e revivo os teus beijos. Sinto-te em mim, como pérola que o mar afundou... Onde andarás cavaleiro andante de todos os meus sonhos? Buscas de certeza novos portos de abrigo, novas sensações, e eu? Eu fico aqui, aguardando os beijos que tardam em chegar, o abraço que nunca se deu ou a magia das palavras que nunca se disseram... Por isso deixo-me vaguear na espuma branca e procuro-te para além do infinito, porque nada acaba meu amor, tudo começa...

2007-04-22

Um Amor eterno...

Muitos amores se esgotam no tempo. O Amor entre Pais e Filhos e Filhos e Pais nunca morre é eterno. Os meus Pais serão sempre o meu porto de abrigo, quer nas tempestades da vida ou na bonança. Estes dois seres que me deram a vida são o complemento e o suplemento de todas as minhas horas, sejam elas boas ou más. Às vezes as palavras não conseguem transmitir todo o Amor que lhes devoto. Amo-os sim, aceitando as suas qualidades e os seus defeitos. Fazem parte do puzzle da minha vida. Por eles faço tudo e mesmo à distância a nossa relação é de uma cumplicidade infinita, de um Amor sem fim. Acompanharam-me nas horas boas e más, aceitaram-me com todos os meus defeitos e foram cúmplices em toda a minha caminhada. Separa-nos um oceano. O que é um oceano em termos de Amor? Nada! Amo-os incondicionalmente e aprendi a amá-los ainda mais depois de ter os meus filhos. Às vezes é necessário dizer NÃO e se na juventude não aceitamos muito bem isso, quando se chega à minha idade percebemos que um Não, às vezes, é a busca de um caminho melhor para nós. Não sei viver sem eles, sem a sua preocupação constante apesar de eu estar longe e já ter formado uma família. Com eles aprendi que os Filhos crescem mas que nós ficamos sempre preocupados com eles. Todas as decisões que tomei foram apoiadas por eles, em todos os caminhos que percorri tive-os a eles. Deixo-vos o meu Amor que será eterno, não enquanto dure, mas eterno para todo o sempre.

2007-04-08

Abraço

Um abraço é tudo, damo-nos e recebemos. Um abraço pode ser um feliz reencontro, um até breve, uma despedida para sempre ou um gesto de carinho a quem amamos. Um abraço diz tudo aquilo que as palavras não podem dizer e o que um beijo não sabe transmitir. Um abraço tira-nos os medos, as angústias e se fôr bem apertado traz-nos amor. Um abraço é um gesto de carinho a quem se ama é uma forma de dizer estou aqui, conta comigo, estarei sempre aqui. Abraço é deixarmos dois corações baterem no mesmo ritmo, é a nostalgia de não saber o amanhã, é amar para além do sabor das palavras. Abraço-te e sinto-te e ao sentir-te em mim, tudo se glorifica, tudo se eleva como nuvem que se perde no céu.

2007-03-25

Como a música...

O tempo parou. Lá fora nada existe, só nós dois aqui, entregando-nos de corpo e alma ao momento presente. Tu e eu sussurando conversas que mais ninguém pode ouvir. É o nosso momento. O minuto seguinte, o dia de amanhã não existe, só existimos os dois. Encosto a cabeça ao teu peito e ouço dois corações, talvez, batento na mesma dimensão. Lá fora tudo vagueia em ondas de mar beijando pedras negras enfeitiçadas pelo Pico. Nós, continuamos aqui, lançado ternura e magia, numa entrega que está para além das palavras. O amanhã há-de nascer e talvez a magia se tenha perdido, não importa! O que importa é este momento em que tu e eu somos um só. Acaricias o meu cabelo e procuras a minha alma e, ali estou eu, de alma aberta e livre entregando-me a ti. Lá ao fundo o Pico é uma presença neste tempo que tirámos para nos entregar de corpo e alma ao sabor da vida.
Tal como Pessoa dizia:
Sim, como a música, sugere
O que na música não 'stá
Meu coração mais quer
Que a melódia que em ti há...
Amar-me? Quem crerá? Fala
Na mesma voz que nada diz
Se és música que embala.
Eu ouço, ignoro, e sou feliz.
Nem há felicidade falsa.
Enquanto dura é verdadeira.
Que importa o que a verdade exalça
Se sou feliz desta maneira?
(Fernando Pessoa - Poesias inéditas)

2007-03-23

Gostar ou Amar...

A palavra gostar para mim lembra-me sempre uma comida, uma bebida, uma peça de vestuário, as flores que recebo sobretudo se forem amarelas. Amar é diferente. Eu Amo pessoas. Os meus filhos num Amor incondicional que não tem príncipio e fim; o meu companheiro amo-o duplamente porque é o homem que escolhi para a minha caminhada de vida e porque é o pai dos meus filhos (que foram concebidos num acto de Amor total); os meus Pais que me deram a vida e me apoiaram até nas decisões mais difíceis; a minha irmã com quem falo de tudo sem ter paraísos secretos; os meus amigos (só os que merecem esta palavra) a quem me dou integralmente e que me amparam nas quedas e quando os sorrisos me iluminam o rosto. Amar não é um sentimento só entre um homem e mulher é um sentimento de partilha e de entrega que se oferece àqueles que estão no nosso coração. Por isso amo incondicionalmente, sem barreiras, amarras ou preconceitos. Amo e dou-me intensamente em cada gesto, em cada palavra, em cada sorriso ou lágrima. Por isto tudo, nesta minha passagem na vida, sintam o meu sorriso, as minhas lágrimas, porque o meu AMOR é vosso, como rajada de vento norte beijando de passagem as flores da vossa alma...

2007-03-15

Nas asas do tempo...

Por causa dos comentários de um "amigo antigo" vieram-me à memória pessoas importantes na minha vida que não fazem parte deste meu tempo presente.
O meu avô paterno, que do alto do seu 1,80m, só emanava ternura e carinho (foi ele que me ensinou a ler e a escrever, ainda eu não tinha entrado para a Primária);
A minha avó paterna, pequenina, franzina e de um dinamismo fora de série que impunha respeito ao marido e aos quatro filhos que tiveram;
O meu avô materno, um homem dócil que escondia dos meus pais as minhas diabruras e algumas das quedas que eu dava porque decidia constantemente trepar às oliveiras;
A Dª Ana, mãe do meu companheiro (desculpem a palavra sogra soa-me sempre a uma conotação negativa), que com a sua difícil vivência me ensinou a amar mais e mais e aproveitar o momento presente. Estes já partiram, o tempo só os traz até mim na memória.
A minha grande amiga Teresa, andavámos sempre juntas, sabiamos quase tudo uma da outra (nunca se sabe tudo realmente de ninguém), mesmo depois de eu estar no Pico ainda nos escrevemos durante longos anos. Agora não sei nas voltas da vida por onde anda, se calhar procura o tempo perdido;
O Emanuel, doce e calmo que me limpou muitas lágrimas que nunca foi ele que causou. Ainda hoje tenho em casa dos meus pais o retrato a carvão que de mim fez. Perdi-o neste ritmo sucessivo de tempo que teima em não parar;
O Fernando Gil, de viola ao ombro e bloco de desenho na mão. Acredito que ainda hoje viaja nos acordes da vida com a sua viola e com o bloco de papel branco pronto a desenhar. Não o sei só imagino.
Para eles envio o meu carinho e, se por acaso, me lerem dêem notícias. Às vezes o passado e o presente andam de mãos dadas...

2007-03-12

Mas que três...

Vivemos a maior parte do nosso dia-a-dia, diria mesmo da nossa vida, no local onde trabalhamos. Por isso devemos tentar ter uma relação saudável com aqueles com quem convivemos várias horas diárias. O Grupo do Museu do Pico tem apenas 13 elementos e divide-se pelos três pólos: "Museu dos Baleeiros", "Museu da Indústria Baleeira" e "Museu do Vinho". A minha paixão é o Museu dos Baleeiros (ainda sou despedida por causa disto, mas é a verdade). Procuramos viver o dia-a-dia num ambiente de camaradagem.
Para os mais conservadores tenho de referir que o conteúdo da garrafa que a Lauri tem na mão, não foi só ela que o bebeu, eu e o Rui também demos uma ajuda. Esta foto foi tirada fora das horas de serviço e em clima de festa de natal de 2006. Dentro do serviço somos todos muito certinhos.
Quando tiver uma foto dos 13 prometo publicar, ao publicar esta não me veio ao pensamento excluir ninguém, apenas é a única que tenho.

2007-03-11

o fim ou o princípio...


Olho o sol a deitar-se de mansinho nos braços do mar... deito a minha cabeça no teu colo e fico ali quietinha. Tenho até medo que os minutos nos ouçam e a magia se perca. Sinto o calor do teu corpo e o teu cheiro entranha-se na minha alma, o tempo pára, nada se agita, só o som dos nossos corações a bater e as suaves carícias que trocamos acompanham o ondular das ondas. Nada mais existe para além de nós e da noite que se anuncia. Ao longe ouve-se o rumor do mar cantando canções de amor às negras pedras que o rodeiam...
Eu continuo deitada no teu colo e em mim todas as emoções se perdem no carinho dos teus sussuros. Olho a noite a chegar e pergunto-me se é o fim ou o princípio? De quê? Que importa! Lá fora o dia adormece e a minha cabeça no teu colo vagueia como alma vagabunda na busca dos sentidos...



(Foto: João Pedro)

2007-03-10

Sentimentos...



Três gerações diferentes, um sentimento comum: A Amizade. Numa sociedade materialista e fria é cada vez mais difícil ter amigos, amigos daqueles verdadeiros que nos enchem a alma com carinho, cumplicidade e ternura. Tenho a sorte de ser Amiga destes dois. A Dª Alice, uma Senhora que com 82 anos está muito "à frente" das mentalidades bolorentas de alguns da sua idade e até mais novos. O Paulo, "o meu irmão mais novo", é de uma irreverência doce e peculiar, foge a todos os convencionalismos, é um ser humano fora do comum, talvez por isso incomode alguns que só conseguem ver o exterior. Eu tenho a sorte de ler-lhe a alma. Une-nos um forte sentimento que muito poucos conseguem compreender, essencialmente aqueles que não conseguem deixar os sentidos perdidos na alma e o coração voar livre nas suas emoções. Os olhares dizem mais que mil palavras, eles são o reflexo do que nos vai dentro do peito. Obrigado por existirem.


(Fotos: Helena Barreto (minha casa 9-03-2007)

2007-03-05

Para ti Bola Maria...

Não posso olhar-te e ver-te parada e doente. Dentro de mim tudo me dói, as lágrimas teimam em cair, não suporto ver-te assim. Que falta sinto de te ouvir miar quando chegava a casa para te dar comida, de te ver correr pelo quintal e trepar a videira. Estás ali quietinha, quando chamo por ti olhas-me com um olhar triste, como quem diz: "O que fizeste?" sim fui eu que te levei para seres operada, fui eu que estive contigo, mas tu não entendes o porquê. Fiz tudo para não teres de sofrer e agora vejo-te triste e em sofrimento. Não sei o que possa fazer Bola Maria, eu tentei o melhor para ti, nunca pensei que ia causar-te tanta dôr. Sabes o quanto te amo, conheces-me muito bem, aliás quando venho chateada do Museu, tu nem sequer mias, passas por mim de mansinho e ficas sentada à espera. À espera de quê? De que eu te dê comer, atenção e te faça uma festa. És mesmo importante para mim e não lamento dizê-lo de que o és muito mais que muitas das pessoas com eu me cruzo na vida. Luta Bola Maria, luta pela vida, quero que continues a fazer parte da nossa família. Entraste na nossa vida porque o João Pedro queria um gatinho, foste encontrada na rua sem dono há quase oito anos, a partir daí fazes parte de nós, és um membro da família e todos nós te adoramos. Acredito que vais vencer esta batalha, preciso que venças esta batalha, sem ti a minha vida fica mais vazia.

2007-02-27

Sem razão de ser...

Para ti Amiga que vivemos momentos de muitas lágrimas derramadas e de sorrisos cúmplices. Para ti que conheço para além das palavras que dizes.
Para ti envio este pôr-de-sol para que saibas que estou contigo mesmo nos silêncios, nos dias de sol radioso e nos de chuva intensa. Estou contigo, compreendo o que te vai na alma e desejo dar-lhe um pouco de tranquilidade. Sei que não és uma alma inquieta como eu, levas a vida fechando-te no silêncio de ser e sentir, sinto que te faltou amor e essa falta é uma ferida no tempo presente. Tens medo de te dar, de entregar-te de corpo e alma às emoções da vida, ao seu sofrimento e à forma de dar a "volta por cima". Admira este pôr-do-sol, deixa a tua alma vaguear no verde Pico e no azul celeste beijado pelo azul mar. Estarei aqui para te estender a mão, não te feches na concha da indiferença, dá-me também a tua mão. O passado já não existe, a mágoa que nos marcou perdeu-se no vento, o que importa é o hoje. E hoje eu estou aqui para te dar o meu carinho e enviar-te o meu beijo de ternura. Só vale a pena viver quando aprendermos a caminhar com as mágoas do passado e com as alegrias do presente. Sê feliz. Eu estarei sempre aqui...

2007-02-25

"Paparazzi" atento...

Nada melhor que repousar no colo do companheiro depois de uma noite de dança. Já nem sei que horas eram, que importa! O tempo existe mesmo? Sei que me senti em casa. O colo do meu companheiro de vinte e um anos de estrada continua a ser o meu "porto de abrigo", nada melhor que depois de rodopiar pela sala encontrar o seu colo e o seu abraço para me sentir de novo em casa. São vinte e um anos de caminhada lado-a-lado, de sorrisos como estes e de algumas lágrimas derramadas, de uma vida completa que se revê nos nossos filhos.
A foto dispensa mais palavras.
Obrigado José Gabriel Azevedo (autor da foto) pelo momento que conseguiste captar.

2007-02-24

Não encerrei a página...

É deste espaço que escrevo, com o Pico ao fundo e o mar a bater nas rochas.
Ao saber que o meu blog tinha extravasado a esfera dos amigos pessoais e estava a ser alvo de maldicência e sarcasmo de alguns, optei por excluí-lo. Depois de ouvir as ideias, sempre ponderadas, do meu companheiro optei por deixá-lo circular. Quem gosta lê, quem não gosta tem um excelente remédio não volta a este espaço.
Sempre pautei a minha vida por aquilo que eu penso e não por aquilo que os outros pensam de mim,
Ao criar o "Devaneios" (que está devidamente identificado, basta um rápido olhar pelas fotos que contém) decidi que seria um espaço de pensamentos e emoções. E é isso que é, não permito comentários maldosos sobre ninguém, nem sequer procuro debater problemas sociais e políticos. Nas poucas intervenções que fiz noutros blogs desse teor, assumi-me sempre enquanto cidadã sem ocultar o meu nome e aceitando opiniões divergentes. Vivemos numa sociedade democrática, logo, a minha liberdade termina onde começa a de outras pessoas assim como a dos outros deve terminar quando começa a minha.

2007-02-19

Sabes a mar...

Olho o mar e lembro-me de ti. Sabes a mar e a chocolate. Cheiras a verde Pico em noites de Verão.
Perco-me no acaso da bruma que se agita e ouço o sussuro da tua voz chamando por mim e eu lentamente vou até ti...
Nada mais existe para além do verde e do azul que se completam em plena harmonia, tal como nós...
Voas livre em acordes de vento norte e ao passares por mim, o teu beijo talvez enviado, toca-me suavemente o rosto numa carícia que nenhum tempo apaga...
Enquanto o mar se deleita em trovas de espuma branca e as gaivotas esvoaçam, o meu pensamento vai para ti e encontro-te sempre presente, mesmo ausente estás aqui... E assim deixo-me voar em busca dos sentidos, porque esses ninguém me pode roubar...

2007-02-17

Elo mais forte 3

Para quem leu as minhas postagens anteriores, sabe que estou a falar do Júlio Afonso. Parece que nasceu ontem, mas não, está enorme, fala imenso e é dono de uma forte personalidade. Quer fazer tudo sózinho. Deixa o grupo todo "derretido" por ele. É o nosso centro de atenções.
Será o nosso futuro, caso a vida nos ofereça a oportunidade de o ver crescer e formar o seu próprio caminho.
Não tenho dúvidas que se afirmará e que terá decisões muito próprias indo se calhar contra a vontade dos pais. Nós, só lançamos as sementes, criamos os valores, eles escolhem os caminhos que trilham...
Ao olhá-lo lembro-me da frase de Massilon " A inocência está sempre rodeada do seu próprio brilho".
Ao Júlio Afonso desejo que cresça saudável, feliz e consciente das opções que tomar.
Um abraço forte e que a tua vida seja um eterno arco-íris...





(Foto: minha - Restaurante Lavrador - 19 de Janeiro de 2007)

2007-02-16

Carnaval...


Diz o velho ditado "Que a vida são dois dias e o Carnaval três". Mais uma vez as ruas das Lajes encheram-se de côr, fantasia, música e alegria.
Talvez seja tempo das pessoas tirarem as máscaras e mostrarem-se, debaixo das fantasias, como são na realidade.
Vamos viver estes dias de alegria, embora a alegria deva ser uma constante no nosso dia-a-dia. Não custa nada dar um sorriso a quem passa. Quem sabe se o nosso sorriso não vai alegrar a vida de alguém.
Que bom seria que a côr e a fantasia fossem o norte de todos os nossos dias. Que bom seria viver intensamente um dia de cada vez. Amar e darmo-nos como se não houvesse mais espaço ou tempo. Que bom seria ver as Lajes sempre em constante animação, sem o cinzentismo com que alguns a pintam. As Lajes são o verde da montanha, o azul do mar e as mil cores que vêm da nossas almas. Façamos do Carnaval 365 ou 366 dias.
Divirtam-se mas sem excessos.
Bom Carnaval.

2007-02-13

Memórias...

Olho o Pico de branco coberto. À memória o passado e o presente cruzam-se por segundos, de mãos dadas.
Nunca consegui viver a minha vida por metades, tudo o que vivi fi-lo tão intensamente que por vezes a minha alma ficou inevitavelmente magoada, noutras desfrutei totalmente a alegria.
Amo, entrego-me, choro, sou feliz ou infeliz intensamente, nada no meu percurso fica pelo meio-termo. Esqueço-me talvez que entre o branco e o preto existe o cinzento... paciência! Só sei viver assim... É neste compasso de entrega no qual vou vivendo o meu dia-a-dia que me pergunto se valerá a pena? Valerá a pena amar de forma total? Valerá a pena entregar-me sem reservas? Às vezes penso que não, outras deleito-me com a imagem de uma vida vivida tão intensamente que nada foi deixado em vão... E assim deixo o olhar perdido no Pico e as perguntas sem resposta bailham na espuma branca que o beija de mansinho.

2007-02-05

Não há tempo...

Olho o entardecer, as nuvens abraçam o céu. Dentro de mim ouço o sussuro da tua voz em batidas de tempo presente: "Não há tempo". Quantas vezes envolvidos nas teias do dia-a-dia não arranjamos tempo para dizer que amamos aqueles que são importantes para nós, quantas vezes o beijo fica só preso no desejo e não se dá, quantas vezes o abraço de carinho fica adiado para amanhã. Pois é Amigos arranjamos tempo para tudo, esquecemo-nos quase sempre do essencial, tirar tempo para Amar e demonstrar Amor, dar mil beijos em vez de um, ficar quietos no abraço que nos queima a alma. Depois, quando nos apercebemos que não há mesmo tempo, é tarde para voltar atrás. O que fizeres hoje existe, se deixas para amanhã poderá nunca existir. Por isso Ama como se fosse o último dia, distribui os teus beijos como se eles pudessem evaporar-se e abraça como se só houvesse este momento. Nunca digas Não há tempo, vive o tempo.

2007-01-29

Espuma Branca...

O meu pensamento tem voado para longe de ti, estou completamente absorvida por tantas coisas que as minhas mãos não têm tempo para acariciar as letras do teu teclado e expressar o que me vai na alma.
Olho o mar, este mar que me fascina e embriaga e vejo a espuma branca desmaiar de prazer nos braços do "velho forte". Olho o verde mesclado de vida e entrego-me em sonhos e devaneios. Sinto a vida a brotar neste azul e verde e esqueço-me por completo de tudo o resto que me rodeia. Nada mais importa senão os gritos de ternura que saiem de mim e que chegam em sussuro até ti. Completamente enamorada, entrego-me no azul do mar e com os olhos postos em verde esperança entro devagarinho no teu coração e, assim de mansinho, ficamos parados a olhar para além daquilo que vemos, para além daquilo que somos e nada nos resta senão a espuma branca que desmaia de prazer nos braços do "velho forte"...


(foto: minha - 29-01-2007)

2007-01-06

Luz mágica...

Depois de uma viagem atribulada estou de volta ao Pico. Voltei a ouvir o mar bater nas rochas e enchi o meu olhar de verde... Lisboa ficou dentro de mim, em luzes de magia eterna, com os seus pregões e o cheiro das castanhas assadas. Volto de novo à pacatez da Vila e o meu olhar volta atrás e perco-me por entre as ruas cobertas de luz da minha velha Lisboa, entrego-me ao anonimato e sinto-me completamente livre como pássaro que voa sem destino... Este é o encanto de Lisboa... o poder perder-me sem necessidade ou hora de me encontrar...
Sinto em mim o sabor da comida feita pela minha mãe, as tertúlias no aconchego da lareira, os dias que voam sem eu os poder parar... As lágrimas na despedida, apesar de sabermos que estamos sempre juntos, mesmo com o oceano a bailar pelo meio...
Tudo estaria no lugar certo, desde que a minha alma inquieta me deixasse sossegar, mas não!por isso estou eternamente dividida, estou aqui com a mente presa a Lisboa, estou em Lisboa com o pensamento preso no Pico... Não sei de onde sou ou para onde vou, não sei onde pertenço ou se pertenço a coisa alguma... Não sei, se calhar estarei vagueando eternamente em busca de mim, se calhar nunca me encontrarei... Não importa. Talvez um dia eu descubra o meu porto de abrigo e então a minha alma se aquiete.


(Foto: José Luís Ferreira)