2006-04-28

Mar...


Olho o Pico. Abro a porta e sinto o cheiro do mar. Este mar azul que nos banha e nos traz variadas sensações... Gostaria de mergulhar nele e apagar de vez todas as minhas inquietações, limpar o espírito atormentado das dúvidas que teimam em reinar na minha alma... Não consigo esquecer, não consigo purgar de mim todas as emoções já vividas... Volto a vivê-las enleada em recordações de algodão doce ou de lágrimas derramadas... Não consigo esquecer... Não consigo deixar de ser inquieta e revolta... Lembro-me para além de tudo, vivo como fogo que teima em não se extinguir, como carícia que continua a ser sentida mesmo sem ser tocada... Recordo e nesta loucura de tempestades perdidas , olho o mar azul que deveria trazer-me a paz em potes de espuma branca. Onde estará o meu porto de abrigo? Que mar banhará a minha tranquilidade? Já não sei onde estou ou para onde vou...
O mar convida-me a entrar e eu olho-o mas não o alcanço...


(Foto: minha em Fevereiro de 2006)

2006-04-27

O elo mais forte

(Foto tirada por Joana Marques - Agosto 2005 - Parque de São João)

É o elemento mais novo do grupo, por isso o nosso "elo mais forte", todas as nossas atenções recaiem sobre ele...
Chama-se Júlio Afonso (só mesmo o pai para escolher um nome destes para o miúdo)... É muito risonho e parece-me que está de bem com a vida, para ele o importante é um colo e que lhe dêem atenção... Claro que o grupo todo babado se desdobra para o "amassar" com beijos, às vezes penso que ele nos deve achar um "cotas" muito chatos...
O seu sorriso encanta-nos, o seu cheiro único e especial (só os bébés cheiram assim), transporta-nos para o tempo em que os nossos também eram bébés, por isso o Júlio é o rei do grupo... Que sejas feliz é o que este grupo de "cotas" querem para ti...

Amigos versus família

Deram-me um dia um cartão que dizia a seguinte frase: "Os amigos são a família que escolhemos para nós". Nada mais verdadeiro, tenho amigos que têm dentro de mim um cantinho muito superior a alguns familiares... Não o são por obrigação, são-o simplesmente... Estão comigo, mesmo quando não estão, não são estrelas cadentes que passam na nossa vida e não deixam rasto... São estrelas que estão lá permanentemente mesmo quando o céu está encoberto... Confio neles e sei que posso contar com eles nem que seja para um "puxão de orelhas". Os amigos, os verdadeiros, não estão sempre de acordo connosco, obrigam-nos a meditar, a repensar, a recuar ou avançar. São aqueles que nos amparam nas quedas e que pegam ao colo quando já desistimos de caminhar... São os que riem e choram connosco... São aqueles com quem podemos contar, mesmo que o telefone não toque ou haja semanas em que não nos avistamos... São-o só... Estão connosco e nós sabemos que eles estão ali, haja dias de sol ou de tempestade.
Para a minha família do Pico deixo esta imagem e estas linhas, para que eles saibam que estamos sempre juntos e que a distância é só uma quimera...
(Foto minha a 5 de Fevereiro de 2006)

2006-04-26

25 de Abril sempre


Ontem o grupo de malta amiga reuniu-se para uma bela churrascada no Parque de São João... Nem a chuva nos demoveu... A ideia não foi só comemorar o Dia da Liberdade, mas também a partilha da união e amizade que existe neste grupo...
Este grupo de "cotas" (que na altura não erámos, começou há 19 anos) Tinha poucas pessoas, mas boas pessoas. Umas sairam, outras entraram, está diferente, depois vieram os filhos e as namoradas dos filhos, um dia destes virão os netos...
Terminámos a tarde a cantar, claro que o Costa estava no seu melhor e nós lá o acompanhávamos, não poderia faltar o: "Grândola Vila Morena". Uma maneira de viver o 25 de Abril sempre com a liberdade no coração e na forma de pensar e agir...

(Foto minha - Parque de São João - 25 de Abril/2006)

Companheiro

Para ti, que há vinte anos vivemos momentos de pura magia e alguns de mau-tempo... Para ti por quem me apaixonei perdidamente quando tudo começou em cima de um telhado, algures em Santarém. Para ti que és o meu amor, o meu companheiro, o meu amigo, o pai dos meus filhos... A paixão diluiu-se no tempo, ficou a certeza de um amor e de uma admiração maior, admiro-te como homem e pessoa, enleio-me na tua frontalidade calma, nessa maneira de ser tão tua e que é sempre recheada de paz, nesse nunca levantar a voz, mas de marcar sempre as posições em que acreditas, mesmo que isso vá contra ventos e marés. Acredito-te, mesmo quando não usas palavras... Creio em ti, mesmo quando querem que eu não o faça... Tantos anos lado-a-lado, procurando alimentar esta nossa relação, procurando educar os nossos filhos com os valores em que ambos acreditamos... Tantos anos lutando contra a rotina que teima instalar-se e minar os nossos olhares... São vinte anos de tantas coisas vividas e sentidas, de outras que procuramos inventar... Admiro-te, és das poucas pessoas que admiro, sabes bem isso, sabes como sou difícil de contentar... São vinte anos, tantos anos, só vinte anos... Que venham mais vinte...

(Foto Joana Marques - Agosto 2005- Parque de São João)

2006-04-22

Amor maior...

Olho-os e vejo-os enormes, cresceram quase sem eu dar conta. São adolescentes, com forte personalidade e que se debatem pelas suas ideias. Quisera-os bébés para poder abraçá-los e beijá-los constantemente, agora já quase é necessário pedir autorização. No entanto tenho um enorme orgulho nos meus dois filhotes, são íntegros, honestos e debatem-se por aquilo que acreditam, mesmo quando vão contra àquilo em que eu quero que eles creiam... Têm uma energia enorme e uma alegria contagiante, estão sempre à frente do tempo em que vivem, sempre procurando mais e mais, na busca constante de se aperfeiçoarem como seres humanos. São uns miúdos fixes, camaradas, amigos do seu amigo e às vezes até dos seus inimigos. Procuram coisas novas, que às vezes me deixam louca, mas gosto que me questionem, que me dêem luta, estão sempre a fazê-lo. Estão na idade que sabem tudo, mas de vez em quanto sabem que precisam de vir até mim para dialogar, para aprofundar, para interiorizar. Amo-os mais do que tudo, para mim eles são a minha "pedra angular" é na vida deles que eu encontro razões para Amar mais e mais... São sem dúvida os meus amores mais que perfeitos.

(Foto minha 22-04-2006 - casa)

2006-04-18

Passagem

Como as cagarras em gritos na noite... também a minha alma grita por detrás desta aparência calma e sossegada... Porque gemerão as cagarras? Será por amores perdidos? Por viagens não alcançadas? Ou será de prazer intenso??? Não sei porque gritam as cagarras... Sei apenas os gritos da minha alma que nunca saiem pela minha garganta... Fecho-me, afogo os gritos em lágrimas que deslizam na escuridão do meu silêncio... A minha alma não pára, continua a rodopiar agitada... relembra doces momentos antigos, melódias de voz de mel, sinfonias de toques mágicos, poemas de mãos entrelaçadas... As cagarras gritam... também a minha alma...

2006-04-16

Quando um Homem quiser...

Páscoa será sempre, tal como o Natal, todos os dias desde que os Homens queiram... Desde que se acredite que Jesus morreu por nós e ressuscitou, numa prova de inegável Amor... Eu acredito que se os Homens quiseram muitos conflitos serão resolvidos, as guerras poderão terminar e a vida terá um sentido novo... Posso ser sonhadora, mas acredito no Homem novo, naquele que aprenderá a amar para além do amor, a dar-se para além do dar, a estender a mão para acariciar mesmo antes de ser acariciado... Acredito num Mundo em que o verbo Amar esteja no lugar do verbo Ter... em que as pessoas se esqueçam do seu mundinho fechado em favor de outros mais desfavorecidos... Acredito piamente que a Humanidade pode Amar como Jesus nos Amou... Acredito no Amor, na entrega total... Por isso desejo-vos uma doce Páscoa com amêndoas de carinho e ovos de esperança...

2006-04-15

A uma Amiga...

(Foto tirada pelo João Pedro)

Tu amiga que não deves chorar por quem não merece uma só lágrima tua... Dedico-te estas linhas. Ontem vi as lágrimas a escorrerem pelo teu rosto, gostava de estar perto de ti para te apertar a mão, num gesto tão nosso que diz: Estou aqui! Mas tu sabes que estava contigo, decerto estavas a lembrar aqueles que tanto amas e não estão contigo, como a tua doce avó ou o teu filhote... Sei que ainda não superaste a ausência da tua avó, aquela que é o teu anjo da guarda e que está no céu a velar por ti... Sei que não suportas a ausência do teu filhote, que os caminhos da vida levaram para longe do teu olhar... Ele está a seguir o seu caminho e tu sabes isso, mas a dor é mais forte que todas as certezas.
Sabes Amiga, sinto saudades do "velho passal", onde ouviámos música alta, riamos às gargalhadas ou choravamos uma com a outra... Continuamos juntas apesar de tudo e de todos. Tu, só tu, sabes que é a ti que dedico estas linhas... Os outros não importam basta que tu sintas que eu, longe ou perto, Estarei sempre Aqui!

2006-04-13

Fechei as portas


Após dias de pura reflexão, fechei as portas e atirei a chave neste mar imenso que banha as Lajes. Cansei-me de tantas mentiras armadas em verdades fingidas, por isso atirei fora a chave... penso que neste mar imenso nunca mais serão encontradas... Estou magoada, triste e nem o céu azul afasta de mim o som da mentira, da falsidade, de tudo em que acreditei e que afinal não passa de vã miragem... Fui uma sonhadora que acreditou em sonhos recheados a chocolate quente, afinal era tudo mentira, quimeras que o vento levou... Atirei as chaves fora, agora nem a espuma branca as trará de volta!Tal como as ondas que se esbatem no Castelete, os meus pensamentos esvaiem-se no tempo...

2006-04-07

Fascínio

(Foto tirada do parque de São João em Agosto de 2005 - a máquina é da minha grande amiga Joana, a foto são ensaios meus)

Fascina-me, deixa-me encantar em silêncios murmurados, vem buscar os tormentos da minha alma inquieta e acalmá-a nos teus doces carinhos... Adormeço, quietinha em teus braços e acordo em lamentos de vento norte... Nada se acalma, o meu ser agita-se em azul mar... procuro-te nos meus mais escondidos sonhos, procuro encontrar em ti o fim da minha estrada, mas tudo se apaga a não ser a luz do Pico que tudo ilumina... Preciso dos teus sussuros, as nossas conversas são sussuros como música lenta... os nossos abraços alimentam a minha vontade de voar, como as cagarras, que gritam em bebedeiras de azul... preciso dos teus lábios perdidos em mim em noites de lua cheia... preciso do desejo que teimas em não admitir. Preciso tão só de ti, de todo o teu ser numa entrega total... Vem-me fascinar como o Pico fascina quem o olha... Vem até mim e esqueçe o passado, tudo o que ficou para trás guardaremos no baú dos nossos sonhos, daqui para a frente vamos procurar o caminho para acalmar os nossos sentidos.

2006-04-05

Noite


Olho a noite através da minha janela... Está tranquila, em silêncio de sombras de luz. Quem me dera que a minha alma estivesse aquietada em tons de azul, mas não, continua inquieta devorando-me em pedaços de sobressaltos. Procuro-te, preciso do teu cheiro, do teu sabor, da doce magia das tuas palavras. Abro a janela e os gemidos do mar trazem-me a tua voz, as estrelas abraçam-me em carinhos teus... Mas eu queria-te aqui ao meu lado para divagarmos em sonhos antigos transformados em presente. Onde andas vagabundo das minhas noites? Onde andas meu sonho ardente? Prometi deixar-te livre, prometi-me não te inquietar, mas doí-me tanto que não estejas aqui, custa-me não te sentir perdido em mim fazendo-me perder a mim em ti... Voa meu pássaro azul eu procurarei a paz da minha alma nas trovas do vento.

2006-04-04

Para ti


Para ti que procuro sem te procurar, que vagueias como pássaro no meu tempo presente, que voas incansavelmente para além de mim... para ti que quero livre de todas as gaiolas e que ao mesmo tempo anseio prender-te em mim, prender-te e perder-me em ti... Para ti que estás para além do meu corpo e mexes em sobressalto na minha alma inquieta... Para ti que me abraças sem me tocar e os teus beijos de mel se derretem na minha boca em doces fantasias... Para ti que me enroscas com o teu corpo e te afastas em sonho e fantasia... Para ti que estás sem nunca estar em todos os recantos da minha vida... Para ti que me abraças quando choro ou quando rio de alegria... Para ti que procuras a minha boca ébrio para me saciar, saciando o teu ardente fogo... Para ti que enleado no meu corpo te perdes em gemidos para depois bateres as asas em azul de vento... Para ti, só para ti, quem me dera ter-te sempre em mim, como poesia permanente, como música de fundo suave... Mas tu não estás aqui, andas por aí à procura dos teus paraísos secretos e eu, fico assim quieta à espera de ti...

2006-04-01

Alma inquieta

Chove... A chuva são lágrimas da alma que o céu derrama por nós...

Estou inqueta, procuro saber os quês e os porquês e não encontro respostas. Procuro-te por entre as gotas de chuva e não te encontro... Procuro-me no cântico do vento e não me encontro... Abro a janela de par em par para sentir o teu cheiro, mas o vento espalha-o em rajadas de escuridão...Procuro o sabor da tua boca mas ela esvai-se no pensamento...Procuro o entrelaçar dos nossos corpos mas só encontro a solidão... Procuro saber onde estou, o que sou, ou para onde vou, mas nada sei, nada acalma esta minha alma inquieta.

Regressei

Estou de regresso ao Pico, depois de uns dias na Ilha Terceira... Voltei à minha velha janela com vista para o mar, voltei a sentir o cheiro suave da Ilha Montanha, voltei ao verde tão verde que só o Pico tem. Voltei, se calhar nunca parti, de certeza que a minha alma ficou aqui, Presa a esta velha janela que dá para o mar, a este encanto de cheiros. Por que será que cada vez que parto sinto esta melancolia? Porque será que cada vez que fico, sinto que não pertenço aqui... A minha alma é ébria vagabunda que vagueia ao acaso, nunca estou em lado nenhum, como nunca sou de ninguém, vagueio ao acaso como onda tocada ao vento, como pássaros em gritos de vento norte. Voltei. Será que parti?