2008-05-25

Tapetes de Flores...

No dia de Corpo por Deus é habitual um pequeno grupo de pessoas unir-se para fazerem os tapetes de flores na chamada Rua Direita da Vila. Cada vez somos menos, de ano para ano as pessoas vão desaparecendo e os que restam são constituídos por pessoas, já com alguma idade. Poucas são as pessoas das outras ruas da Vila que se disponibilizam para ajudar neste trabalho. Como se a Vila não fosse uma só.
Dos mais jovens poucos são os que se juntam a nós, ainda não perceberam o sentido da tradição e que é das tradições que um povo vive. Sem passado, não há presente, sem presente não há futuro.
Já há vários anos que me uno ao grupo e ajudo no que é possível e sinto um prazer enorme em partilhar aquelas horas com as pessoas que esquecendo os seus afazeres, as suas doenças partilham o seu tempo na ornamentação da Vila. Reconheço que já não temos a mesma energia que tínhamos, mas o certo é que juntas fazemos o que nos é possível e às vezes o impossível. Lamento imenso que a Vila não se una neste dia, lamento que os escuteiros não apareçam para trabalharmos em conjunto. Até este ano foi ainda possível realizar esta tarefa, começámos às 7h da madrugada e terminámos às 11h20m, cansadas, mas com garra conseguimos.
Conheço o passado, o presente já passou, preocupa-me o futuro. Quem irá fazer os nossos tapetes? Quem irá continuar a tradição? Não sei.
A todos os que participaram quero deixar a minha singela homenagem e se Deus quiser, cá estaremos para o ano.



(Foto: Zé)

6 comentários:

Anónimo disse...

E p'ro ano terão novamente garra para fazer os tapetes novamente, que são lindos! Também gostaria de me levantar às 7 horas da manhã para participar neste bonito trabalho em conjunto.
No ano que vem façam um apelo à juventude em geral e aos escuteiros, pode ser que eles adiram. Às vezes as pessoas têm que ser alertadas de uma forma directa para participarem. Por ser um lugar pequeno pensamos que a adesão vai ser maior mas nem sempre é.
Aqui mato as saudades das pedras de basalto!
Beijinhos
Beta

Cristao-do-asfalto disse...

Gostei muito do teu pos.
Pois Deus está esquecido...
Se fosse um primeiro ministro ou um presidente da merda qualquer até lhe punham um tapete vermelho.
Mas Deus reconheçe o vosso esforço!

theresia disse...

Caro Paulo
É necessário não esquecer também que a Vila tem já muitas pessoas de idade, que de ano para ano, alguns vão desaparecendo do nosso convívio. Sem dúvida alguma que há uma crise de fé, mas também há uma crise de desinteresse político e até social, por isso acredito que ainda haveria menos pessoas a fazerem tapetes para um ministro ou presidente.
O que eu quis com a minha mensagem foi alertar as pessoas para a necessidade de união e fazer ver aos jovens que sem passado e presente, não há futuro. É necessário manter-se as tradições, são elas que fazem a história de um povo.

Anónimo disse...

Este post é pertinente, e não apenas pelos tapetes a que directamente se refere.

Mostra à saciedade a necessidade de as populações se juntarem para a defesa das suas tradições, ou seja, da sua História.
Poucos ou muitos, velhos ou novos.
As Lajes têm uma escola...e não consta que esteja deserta, tem escuteiros, tem gente válida.

O tapete é apenas um exemplo.
E dos bons.

Anónimo disse...

Uma boa semana também e noites encantadas ao som das cagarras! Segundo li no blogue portodaspipas.blogspot.com, também já foram ouvidas na Terceira. Mas sempre foram mais abundantes no Pico e em São Jorge.
Beijinhos,
Beta

Anónimo disse...

Gostei muito que me tivesses dito para ajudar a fazer os tapetes. Pró ano , se Deus quiser, ajudo de novo, e como habitual sem luvas...:)
L.L