2008-05-02

Ausência...



Sinto-te a falta... faltam-me as tuas palavras, a melodia harmoniosa da tua voz... o som da guitarra perdida no tempo... Sinto-te a falta... Desejara voar e ir até ti... enroscada no teu abraço perder a dimensão do tempo e do espaço... buscar um tempo sem tempo para te amar... Sinto que o tempo foge... vou perder-me no vazio de uma nuvem de cetim que ninguém alcançará... já não tenho tempo... por entre os dedos fugiu-me a alegria de viver e sentir... entrei numa tempestade cinzenta que me leva para além de ti e desta dimensão real... como se o Criador quisesse que eu voasse até si, sem deixar margem de manobra...
Sinto-te a falta... doí-me infinitavamente a tua ausência... ou será a minha ausência? Estou a navegar num barco sem remos e vela... Procuro-te no vazio do tudo, em emoções de nada. Não te encontro... o tempo escasseia e eu perco-me na ausência... Onde andas? Onde estás? Porque não estendes a mão? Estou só, esvaziada...esventrada, sinto que o tempo para mim parou... acabou! Nada há a fazer... Algum Deus quer que eu me liberte nas suas asas e que abandone, sem princípio ou fim este tempo que parece real...
Sinto-te a falta... tanto que até doí. E, tu vais sentir a minha falta? Os meus olhos estão a fechar-se... sinto que o mar veio buscar-me e partirei com ele em busca de um arco-íris... Um dia, quando voltares, pensa em mim... porque sinto que eu já não estarei aqui...
Sinto-te a falta... tanto... que até doí....



(este texto não é dedicado a ninguém, é apenas um excerto de uma carta muito antiga...)


Foto: José Luís Ferreira

1 comentário:

Anónimo disse...

Bonito texto, gostei e senti a mágoa da ausência que ele transmite. Felizmente já não sinto a falta de um tal ausente... curei-me, graças a Deus!
Os Maios são cada vez menos, segundo o que me disseram, e possivelmente no Pico acabaram mais cedo, mas são muito engraçados. Este ano não fiz nenhum por falta de tempo, mas p'ro ano vou tentar.
Beijinhos e um bom fim de semana com o perfume da maresia,
Beta