No dia de Corpo por Deus é habitual um pequeno grupo de pessoas unir-se para fazerem os tapetes de flores na chamada Rua Direita da Vila. Cada vez somos menos, de ano para ano as pessoas vão desaparecendo e os que restam são constituídos por pessoas, já com alguma idade. Poucas são as pessoas das outras ruas da Vila que se disponibilizam para ajudar neste trabalho. Como se a Vila não fosse uma só.Dos mais jovens poucos são os que se juntam a nós, ainda não perceberam o sentido da tradição e que é das tradições que um povo vive. Sem passado, não há presente, sem presente não há futuro.
Já há vários anos que me uno ao grupo e ajudo no que é possível e sinto um prazer enorme em partilhar aquelas horas com as pessoas que esquecendo os seus afazeres, as suas doenças partilham o seu tempo na ornamentação da Vila. Reconheço que já não temos a mesma energia que tínhamos, mas o certo é que juntas fazemos o que nos é possível e às vezes o impossível. Lamento imenso que a Vila não se una neste dia, lamento que os escuteiros não apareçam para trabalharmos em conjunto. Até este ano foi ainda possível realizar esta tarefa, começámos às 7h da madrugada e terminámos às 11h20m, cansadas, mas com garra conseguimos.
Conheço o passado, o presente já passou, preocupa-me o futuro. Quem irá fazer os nossos tapetes? Quem irá continuar a tradição? Não sei.
A todos os que participaram quero deixar a minha singela homenagem e se Deus quiser, cá estaremos para o ano.
(Foto: Zé)



