2008-04-07

Infinitivamente só....

Olho-te para além do que a visão alcança... procuro-te no sussurrar do mar, para além de mim e de ti...
Busco no infinito horizonte o Pico verdejante onde me encontro... está longe... muito longe! As gaivotas levam no seu voar as saudades que tenho de ti, dos teus verdes maravilhosos e do azul que é só teu, nada se compara às cores que tu me ofereces logo pela manhã... entregues em beijos de espuma branca e carícias de nuvens de cetim...
Perco o olhar... buscando-te por entre o vazio do nada ou do tudo...
Olho-te para além do olhar... buscando-te a alma como som de guitarra que se perdeu no tempo...
Infinitivamente só, deleito-me nos teus sentidos... dispo-me de conceitos e de razões e vagueio solitariamente neste mar teu...
Procuro-te para além do horizonte... para além de tudo o que me rodeia... Procuro-te solitária em busca de um sentido para caminhar... da mão que quero que estendas até mim, mas que desapareceu nas rajadas de vento norte...
Infinitivamente só... sei que te imaginei, não existes... nada existe, excepto esta dor que fere como punhal que ousaste cravar em mim...
Desejaria caminhar nesse mar imenso e perder-me nele sem destino... até encontrar nas margens do Pico o meu eterno porto de abrigo...
Infinitivamente só... tão só... preenchida de ti...



(Foto: José Luís Ferreira)

2 comentários:

Anónimo disse...

no sabor de um cigarro,o fumo se altera.
Entre sons e gemidos, algo se gera.
Mas, como o tempo é passado
e o futuro a Deus pertence,
resta a esperança do abraço apertado!

os amigos nunca se esqueçem
por mais distantes e alheios
as vidas desfaleçem
rsetam os verdadeiros devaneios...

Anónimo disse...

Bonito texto e apesar de falar de solidão é um texto "cheio" de alma que está em perfeita sintonia com o espaço e a natureza que a envolvem, característica das pessoas sensíveis.
Um beijo Theresia e obrigada pela visita.
P.S. Picasso é especial e gosto muito daquela pintura, é a tal ligação ao mar que não se explica, só se sente.

Beta