
O tempo parou. Lá fora nada existe, só nós dois aqui, entregando-nos de corpo e alma ao momento presente. Tu e eu sussurando conversas que mais ninguém pode ouvir. É o nosso momento. O minuto seguinte, o dia de amanhã não existe, só existimos os dois. Encosto a cabeça ao teu peito e ouço dois corações, talvez, batento na mesma dimensão. Lá fora tudo vagueia em ondas de mar beijando pedras negras enfeitiçadas pelo Pico. Nós, continuamos aqui, lançado ternura e magia, numa entrega que está para além das palavras. O amanhã há-de nascer e talvez a magia se tenha perdido, não importa! O que importa é este momento em que tu e eu somos um só. Acaricias o meu cabelo e procuras a minha alma e, ali estou eu, de alma aberta e livre entregando-me a ti. Lá ao fundo o Pico é uma presença neste tempo que tirámos para nos entregar de corpo e alma ao sabor da vida.
Tal como Pessoa dizia:
Sim, como a música, sugereO que na música não 'stáMeu coração mais querQue a melódia que em ti há...Amar-me? Quem crerá? FalaNa mesma voz que nada dizSe és música que embala.Eu ouço, ignoro, e sou feliz.Nem há felicidade falsa.Enquanto dura é verdadeira.Que importa o que a verdade exalçaSe sou feliz desta maneira?
(Fernando Pessoa - Poesias inéditas)
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