2008-03-18

Silêncios...

Silenciosamente olho-te… esse vermelho entardecer abraçado a nuvens cinzentas, quase negras… encanta-me!

Lá fora só o som das cagarras entoando cantigas de Amor...

O mar desmaia de prazer nas negras pedras... Cinzas, vermelhos, azuis misturam-se em plena harmonia, formando apenas um...

Os amantes entregam-se ao prazer... fundem-se no silêncio mágico da razão de sentir...

Silêncios... poemas pensados e nunca escritos... palavras que nunca se disseram... só silêncio!

Ébriamente bebo o prazer de te contemplar... deito-me nas tuas nuvens de cetim... sabem a algodão doce... já sabes que sim...

Silenciosamente entrego-me ao prazer de te admirar... sei que és intocável. Não importa... Posso amar-te no silêncio dos tons que me ofereces todas as noites...

Lá fora uma serenata de cagarras embala o início da noite... olho-te ... silenciosamente...

Enfeitiçada por ti... fica apenas o silêncio...

2008-03-09

Enfim... 47

Ao contrário da maioria das pessoas que conheço quando cheguei aos 4o anos, senti-me realmente bem... estava mais madura... mais sensível... mais atenta aos problemas dos outros, em suma mais humanizada, como se o percurso com vários tropeções da vida me tivesse ensinado a ser mais "sábia".


Reconheço que o final dos 45 e os 46 anos não foram muito positivos, tiveram muitos percalços, no entanto acredito que se tivesse passado o mesmo aos 20 ou 30, não teria sabido agir com a mesma harmonia que me fez ultrapassar essa fase menos boa.


Chegaram os 47... fechei imensas portas e abri de novo as janelas que valem a pena para arejar os meus dias. Deixei entrar o Sol e o vento norte varreu por completo algumas teias de aranha que teimavam em minar o que sou...


Estou em inquietante conjugação harmónica com a vida... Assim poderei voltar a voar livre nas asas das cagarras que já animam as noites do meu Pico...

Sei que algumas pessoas ao lerem este texto vão tirar ilações daquilo que não está escrito, não importa, o que me importa realmente é aquilo que os meus amigos conseguem ler no que escrevo...


Obrigado a todos que de alguma forma estiveram comigo neste dia.


















2008-03-06

Tonalidades ...

Perco-me a olhar-te, sinto-te pulsante a emergir da terra, sugando docemente a seiva que te alimenta... A chuva deixa-te encharcada, o vento norte agita-te furiosamente... Continuas ali mesmo assim... para deleite da minha vista preenchida pela tua beleza... saboreio-te, embriago-me com o teu cheiro... entrego-me ao puro prazer de te tocar suavemente, quase a medo... medo de não ser digna de ousar sequer pensar tocar-te... tamanha fonte de beleza, suavidade e efemeridade tu transmites...

Perco-me hoje a olhar-te, amanhã sei que quando te olhar já terás as tuas pétalas abertas ao Sol que te aquece... virei olhar-te todos os dias... sucessivamente as tuas pétalas irão caindo... até ao dia que cairão todas e tu voltarás à terra que te fez nascer...




(Estou cansada de dizer que as fotos são minhas, assim quando tal não acontecer, publicarei a respectiva autoria)

2008-03-03

Em vermelho fogo...

Ontem recebi uma lição de vida de um miúdo de 16 anos. Deu-me a ler um texto que tinha escrito que falava sobre a sociedade actual, essencialmente sobre sentimentos. Descreveu de uma forma pertinente as relações. O sexo confundido com o Amor. O aproveitamento das emoções e da sensibilidade de algumas pessoas por outras que mentem e mascaram sentimentos com belas palavras apenas para obterem o que querem, depois deitam-nas fora como algo descartável e sem qualquer significado. Seguem sempre em frente não sentindo qualquer mágoa por terem ferido outro ser. Como é verdade esta realidade.
Falava também do sinónimo de felicidade no mundo actual que passa por ter um bom emprego, uma boa casa, um excelente carro. Quando a felicidade afinal se atinge não pelos bens materiais mas por pequenas coisas simples para as quais não se dá atenção, nem valor.
O texto estava de tal forma bem escrito, que me perguntei :”Que raio ando eu aqui a fazer, quando um miúdo de 16 anos escreve muito melhor que eu?”
Estamos um pouco habituados a achar que miúdos desta idade são imaturos, confesso que já lidei com muitos homens, que o são muito mais.
Perante este belo pôr do sol detive-me no texto que tinha lido e deitei-me com a alma cheia de beleza... pena que não tenha autorização para publicar aqui uma mensagem tão importante... ficam as palavras doces de quem aprendeu a viver a vida respeitando os outros e dando valor ao que realmente o tem...
(Foto - minha)