2007-11-16

Sonhei-te...

Ontem sonhei-te.

Estávamos de mãos entrelaçadas a olhar o mar, sem palavras, só as nossas mãos falavam em gritos de gaivotas que esvoaçavam. Não nos olhávamos, o nosso olhar perdia-se no infinito azul e a nossa alma vagueava nas pedras negras salpicadas de espuma branca.

Ontem sonhei-te. As nossas mãos diziam todas as palavras que saíam das nossas almas. Estávamos ali, perdidos no tempo e no espaço e amávamo-nos totalmente sem sequer nos tocarmos. Era pura sintonia.


Ontem sonhei-te, sabes a mar e a chocolate. És vento norte em que tudo esvoaça, até os meus beijos.


Ontem sonhei-te, olhávamos o mar e as nossas mãos entrelaçadas tocavam a mais bela melodia, era como se os nossos corpos se entregassem por completo fazendo um só corpo, uma só música que entoavam por nós.


Ontem sonhei-te. Hoje ao acordar as nossas mãos não estavam unidas e o nosso sonho voava nas asas das gaivotas e, cada um de nós, buscava um outro sonho...

3 comentários:

Anónimo disse...

É assim... Nunca amámos, amamos sim a ideia de alguma vez ter amado!

theresia disse...

Gostei da tua ideia.
Amigo Lapa amamos sim. Amamos o sonho de amor tornado realidade, amamos o toque e o sabor, amamos a liberdade do outro, o voar do outro, os desejos do outro e, sendo dois, às vezes somos um só. Outras vezes batemos asas, por um momento, e somos só nós, para voltarmos a ser um só ser para além de tudo.

PostScriptum disse...

Não é o sonho que comanda a vida como dizia Gedeão?
O amor é tudo isso que descreves tão bem. E ainda mais. Mesmo quando por alguma razão as coisas não correm bem. Mas sobram baús de memórias. Guardem-se as boas.
Este texto que já li duas vezes está belissimo, a roçar o poético.
Beijos