2006-05-31

À procura...

Olho o azul do mar com São Jorge lá ao fundo no horizonte. Mergulho as minhas angústias neste mar imenso de histórias e segredos incontáveis... atiro-me de cabeça nas suas profundezas mágicas e, por breves momentos, esqueço-me de quem sou e imagino-me noutros lugares para além de mim...Neste mar imenso procuro as respostas para as perguntas que nunca formulei, mas que sei que se agitam dentro do meu ser...Perco-me nos poemas que não escrevi em gritos de gaivotas perdidas em busca de um novo luar. Quem me dera encontrar a calmia depois da tempestade. Mas não, todo o meu ser estremece como vento forte, nem me perdendo em tons de azul me consigo aquietar...Não sei o que procuro, nem sei se algum dia me encontrarei. Entretanto, vou-me perdendo no horizonte com São Jorge lá ao fundo...



Foto minha - Prainha do Norte - 30 de Abril.

2006-05-30

Bola Maria

É a rainha cá de casa, chama-se Bola porque em pequenina era bem gordinha e Maria, porque todas as mulheres são Marias... Tudo gira à volta dela e pensar o contrário é querer enganar a realidade... A Bola Maria é que decide, o tempo e o espaço pertencem-lhe, nós somos seus escravos... É de muito poucas conversas, mia para comer, para passear, para lhe darem colo, de resto passeia indiferente ao mundo dos homens, à nossa mesquinhez e coscuvilhisse, não se importa com a vida dos vizinhos, desde que os vizinhos também não se incomodem com os seus passeios por domínios alheios... Olho-a e vejo-a sempre muito pensativa, devem passar-lhe imensas coisas pela cabeça, coisas que ultrapassam o nosso mundinho humano... Olho-a e sei que ela sabe muito mais da vida do que eu, pelo menos vive-a plenamente e em paz de espírito, nunca a vi tomar antidepressivos ou calmantes. Nunca a vi preocupada com as chatisses quotidianas... vive um dia de cada vez! Quando o "dono" chega a casa é uma festa, o colo dele é o lugar que ela mais gosta, por isso usa-o sem pedir autorização ou se sentir culpada por estar a impedi-lo de fazer outras coisas. Quando olho a Bola Maria sinto que nós seres humanos, de tão complicados que somos, nos esquecemos de aproveitar a simplicidade de um dia de sol ou de um suave anoitecer... quando a olho sei que temos muito que aprender com os animais e às vezes bate-me a dúvida se não serão eles os racionais...



(Foto minha - 5 de Fevereiro)

2006-05-29

caixa amarela...

Fechei numa caixa amarela, todas as nossas recordações. Não a fechei à chave, deixei-a aberta para poder abri-la quando desejar... Atirei lá para dentro poemas antigos, frases ditas em sussuro e outras em murmúrios de olhares... Guardei o calor das nossas mãos e o percurso delas nos nossos corpos... guardei os nossos abraços, até aqueles que não chegámos a dar... Guardei-nos do mundo e do espaço, para que só nós possamos abrir a caixinha amarela... Assim quando a saudade apertar podemos em sinal de magia abri-la e deixar fluir em nós todos os momentos que vivemos.
Será que ao fechar ali as minhas recordações, vou deixar de as sentir vivas em mim? Será que vou esquecer cheiros, sabores, toques e magias?


(Foto minha - Prainha do Norte - 30 de Abril)

2006-05-24

Magia

Verde e azul completando-se em harmonia de tons e de velhas magias... Aqui encontro a paz para a minha alma, que de tão inquieta, não se aquieta... Aqui deixo-me enlear no azul e no verde e vagueio em pensamentos antigos e promessas novas... Encontro-me ou desencontro-me, porque neste rumo inquieto pelo o qual a minha vida é nortedada, nunca sei se estou ou não estou... Neste espaço perco-me para além do horizonte que avisto... Divago em mim e por mim e, busco encontrar as respostas para as perguntas que nunca formulei... Serei sempre efémera, procurarei sempre encontrar o sim ou não, de algo que nem eu própria sei o que é... Embriago-me no verde/azul e deixo que o pensamento solto se perca nesta magia de tons... Nunca me encontrarei, como nunca saberei se ando ou não perdida ou se sou tronco ardendo em lareiras de fogo disperso... Só sei que me encanta perder o olhar neste espaço que me aconchega e me acolhe...


(Foto minha - 30 de Abril - Prainha do Norte)

2006-05-20

Sonho de Alguém...

Reencontro-te ao fim de tanto tempo, sem que as palavras me levassem até ti. A vida levou-me num turbilhão de sensações, de angústias e de tempo perdido, que me afastaram desta magia que é escrever em ti. Aqui, deixo os sonhos cruzarem-se e brincarem com as realidades. Aqui afogo-me em tons de azul e de nuvens que brincam no céu... Às vezes penso que fazemos parte do sonho de alguém, que nos movemos em realidades fingidas que não podemos alterar, porque os sonhos não se alteram... Ás vezes penso que Deus brinca connosco, põe-nos obstáculos, dá-nos felicidades inteiras... Ás vezes penso que fazemos parte do sonho Dele e que Ele é parte do nosso sonho. Olho esta nuvem que se dilui em céu azul e sinto-me inteiramente embriagada pela doce magia do sentir, todo o meu ser procura a essência do saber ou do nada saber. Às vezes basta sentir, deixarmo-nos caminhar sem destino ao encontro do nada. A beleza da natureza está aí, não necessita de lógicas, basta olhá-la. Eu divago nesta nuvem, sem saber muito bem se sou só o sonho ou a realidade de alguém.

(Foto minha Prainha do Norte - 30 de Abril)