2007-07-24

Pico, corpo de mulher...

Hoje ao olhar o Pico, veio-me à memória Pessoa e como sei que ele sabe melhor do que eu brincar com as palavras, aqui vai:


Dorme sobre o meu seio.
Sonhando de sonhar...

No teu olhar eu leio

Um lúbrico vagar.

Dorme no sonho de existir

E na ilusão de amar.


Tudo é nada, e tudo

Um sonho finge ser.

O 'spaço negro é mudo.

Dorme, e, ao adormecer,

Saibas do coração sorrir

Sorrisos de esquecer

Dorme sobre o meu seio,

Sem mágoa, nem amor...

No teu olhar eu leio
O íntimo torpor
De quem conhece o nada-ser
De vida e gozo e dor.

(Cancioneiro - Dorme sobre o
meu Seio - Fernando Pessoa)


Depois disto olhem o Pico e deleitem o vosso olhar na magia do nada ou tudo... Eu cá por mim vou continuar a voar... E nas asas da viagem vou até Lisboa ao encontro de Pessoa...

2007-07-16

Nuvens de cetim...

As minhas nuvens são de cetim e sabem a algodão doce! Dirão alguns "são nuvens apenas", mas não, para mim são de cetim certamente, a lembrar a ternura dos abraços, a carícia dos beijos, a harmonia das palavras, a melodia das canções de embalar. Olhando-as divago livremente como as gaivotas que se enroscam nelas em voos de fantasia.

Sem dúvida alguma, as nuvens do céu do meu Pico, mesmo que cinzentas, são de cetim e sabem a algodão doce e nelas deixo embalar a minha alma inquieta e revejo-me em voos de ébrio azul em que as nossas mãos se tocam procurando alcançar o infinito do ser, do estar, do construír e amar.

Ontem entrelaçamo-nos em sabores de algodão doce e voámos em nuvens de cetim.

São de cetim as minhas nuvens, as nuvens que olhamos a dois em busca do tudo que preencha o vazio do nada.

2007-07-10

À Equipa de São Pedro...
















Uma mensagem que já tardava.


Depois de dois anos na equipa do Carlos Fernando, a quem envio o meu abraço, tive a honra de ser convidada para integrar a nova equipa da Associação da Irmandade de São Pedro. Uma equipa totalmente feminina que decidiu desde a primeira reunião dar uma nova dinâmica à festa do Município. Decidimos passar uma nova mensagem valorizando o São Pedro como Santo Popular e fazendo a festa em torno dele e não do Divino Espírito Santo.


O Divino Espírito Santo, que respeitamos, tem as suas festas próprias. A nossa tónica foi a de dignificar o São Pedro, transformar a festa em sua honra e louvor e desmarcá-lo da carga que lhe tinham imposto. Quebrámos algumas amarras e devolvemos a São Pedro o lugar que merece. Começámos no dia 28 com a verbena onde, para além de comidas e bebidas, tivemos vários grupos que, gratuitamente, se prontificaram a animar a nossa noite. Àqueles que gratuitamente nos ofereceram alimentos para confeccionar ou nos ajudaram a confeccioná-los, o nosso Obrigado.Garanto que ela só terminou às 2h da madrugada porque São Pedro, se calhar, achou que nós precisávamos de dormir umas escassas horas.


O dia 29 começou cedo, com a preparação do almoço para os irmãos. Mais uma vez um agradecimento àqueles que com a sua disponibilidade e saber estiveram na "linha da frente" para que o almoço e o habitual arroz doce fizessem as delícias de quem connosco partilhou este momento; sem estas pessoas nada seria possível.


Na hora da Procissão a chuva caiu e houve quem pensasse que a festa estava estragada. Mais uma vez São Pedro impôs a sua vontade e a Procissão realizou-se e a festa continuou com as Filarmónicas Liberdade Lajense e Lira Madalense (Sete Cidades) .


No dia 30 às 23h30m notava-se o nosso cansaço mas também a alegria de termos realizado aquilo que nos havíamos proposto.


Àqueles que acharam e disseram que uma equipa feminina ia ser um desastre, que iam haver quezílias e guerrinhas de mulher, informo que se enganaram, demo-nos todas muito bem. A quem nos disse até "pr'o ano" posso dizer que contem connosco, estaremos lá, com ideias novas e garra para continuar. Aos "nossos homens" o nosso abraço por terem acarinhado este projecto. À nossa equipa parabéns e o desejo que continuemos em força para o ano.

(Fotos de Helena Barreto)