Ontem eras cavaleiro andante nas asas do meu sentir; galopavas nas ondas do meu pensamento. Ontem eras poeta dos meus sentidos em métrica de espuma branca, dessa espuma que são beijos com que o mar acaricia o Pico. Ontem perdemo-nos em desejos e gemidos de cagarras em noites de azul céu. Ontem revisitei-te como lua cheia a desmaiar de contentamento no corpo de mulher que o Pico desenha. Ontem abri-te a janela da minha alma e com os olhos perdidos no Pico encontrei-te na voz do cantador. Ontem entregámo-nos em corpos e almas que se desnudam de preconceitos nas asas do meu sonhar. Ontem eras pássaro embalado em trovas de vento norte que as minhas mãos procuravam alcançar. Ontem perdemo-nos no passado mágico de um presente que não se faz futuro. Ontem entrelaçámos as mãos e em palavras sussuradas por entre beijos acalmavas a minha alma inquieta. Ontem eras o herói da minha infância que renascia das cinzas do tempo... Ontem já passou e hoje de novo sózinha busco na minha lembrança a quietude para as tempestades deste mar, que é a vida... Hoje estendo a mão e não te encontro, estás para além do tempo e de cada luar... Guardo-te em sonhos de caixinhas forradas a mel, esperando voltar a reencontrar-te algures no meu pensamento...
(Foto: minha- Maré Julho de 2006)
2006-09-13
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